Jacob Zuma, presidente da África do Sul (Siphiwe Sibeko/Reuters)
EFE
Publicado em 14 de fevereiro de 2018 às 13h56.
Joanesburgo - O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, disse nesta quarta-feira que não pensa em renunciar, em sua primeira aparição pública após o ultimato emitido pelo seu próprio partido para que deixe o cargo antes de amanhã, durante uma entrevista exclusiva para emissora de televisão "SABC".
Zuma, que fará uma mensagem pública à nação antes do final do dia, declarou que respondeu "não" ao ser consultado sobre se planeja ceder às exigências do Congresso Nacional Africano (CNA), apesar da ameaça de submetê-lo à moção de censura no parlamento amanhã mesmo em caso contrário.
"Eu considero muito injusto, muito injusto para mim", destacou o presidente. "Estou em desacordo (...). Isto tem sido feito de uma maneira na qual estou sendo vitimizado", acrescentou.
Na entrevista, de quase uma hora, Zuma expôs seu ponto de vista sobre a atual crise política e as negociações secretas que aconteceram no seio do partido nas últimas semanas.
Zuma fez especial insistência no fato de que não entende a rapidez do processo, precipitado depois que o vice-presidente do governo, Cyril Ramaphosa, assumiu a liderança do partido em dezembro do ano passado, em uma votação muito apertada.
Em seu entender, o papel de Ramaphosa deveria ter sido preparar-se para as eleições de 2019, ano no qual ele concluiria seu segundo e último mandato permitido, e então, quando fosse eleito, aconteceria a transferência de poderes e não antes.
"Isto tem sido feito sempre e nunca houve problema ", argumentou.
O presidente sul-africano também contou que sua postura foi pedir para permanecer na presidência pelo menos até junho, algo que, segundo ele, teria servido para mostrar estabilidade.
Além disso, revelou que propôs a Ramaphosa que aparecessem juntos em alguns atos para reforçar sua figura em relação com as próximas eleições.
O debate sobre a saída prematura do presidente, com mandato até 2019, foi provocado pelos seus problemas de imagem e pelos graves escândalos de corrupção que o rodeiam.
O secretário-geral do partido, Ace Magashule, anunciou ontem que a cúpula do CNA pediu formalmente a Zuma que renuncie ao seu cargo após semanas de manobras políticas e negociações a portas fechadas.
Embora tenha dito que não havia um prazo limite, assegurou também que esperavam uma resposta para hoje.
Dado que não houve um posicionamento do presidente, o bloco emitiu nesta quarta-feira um ultimato sob a ameaça de fechar a questão com uma moção de censura parlamentar já nesta quinta-feira.
"Não podemos manter a África do Sul esperando mais, a decisão deve ser implementada e agora devemos proceder com o processo parlamentar", salientou o tesoureiro-geral do CNA, Paul Mashatile, em um pronunciamento depois de se reunir com os membros do grupo parlamentar do partido.