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Presidente chinês defende autoridade do partido comunista

Prometendo uma "nova era" socialista para o país, Xi Jinping não deu a entender nenhuma esperança de liberalização do regime

Xi Jinping: "Cada um de nós deve fazer mais para defender a atualidade do partido e do sistema socialista chinês" (Aly Song/Reuters/Reuters)

Xi Jinping: "Cada um de nós deve fazer mais para defender a atualidade do partido e do sistema socialista chinês" (Aly Song/Reuters/Reuters)

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AFP

Publicado em 18 de outubro de 2017 às 16h53.

O presidente chinês, Xi Jinping, pediu nesta quarta-feira aos comunistas chineses o combate a qualquer ameaça à autoridade do partido, na abertura do congresso que irá confirmar seu nome à frente do governo do país mais populoso do mundo.

Prometendo uma "nova era" socialista para o país, do qual esboçou um panorama até 2050, o presidente chinês não deu a entender nenhuma esperança de liberalização do regime.

"Cada um de nós deve fazer mais para defender a atualidade do partido e do sistema socialista chinês e opor-se decididamente a qualquer palavra e ação para miná-los", ressaltou o presidente chinês, diante dos quase 2.300 membros reunidos para a grande assembleia quinquenal do partido que governa o país.

Os delegados do "maior partido do mundo" (89 milhões de militantes) ouviram com atenção o discurso de Xi no Palácio do Povo de Pequim, protegido por rígidas medidas de segurança.

O presidente foi muito aplaudido ao entrar no local, sorridente e ao lado de seus dois antecessores, Jiang Zemin e Hu Jintao.

Em uma mensagem ao resto do mundo, Xi, que receberá no próximo mês o presidente americano, Donald Trump, afirmou que seu país vai se abrir "ainda mais" e prometeu um tratamento "igualitário" para as empresas estrangeiras.

Também disse que está determinado a prosseguir com a modernização militar para "tornar o exército popular um exército de primeira ordem" até 2050.

As partidas de futebol foram suspensas e as discotecas fechadas na capital do país, onde um gigantesco dispositivo policial é responsável pela segurança ao redor do evento, que vai durar uma semana.

"Putinização"

No discurso, o presidente também advertiu o vizinho Taiwan sobre o desejo de uma separação definitiva da China. Ele afirmou que Pequjm "tem os meios para vencer as tentativas separatistas a favor da independência taiwanesa".

O XIX Congresso do Partido Comunista Chinês deve renovar por cinco anos o mandato de Xi como secretário-geral, o que inclusive pode permitir que ele tenha um período no poder ainda mais longo.

O limite de idade de 68 anos imposto aos membros do politburo - a instância de 25 integrantes que governa a China - poderia efetivamente desaparecer para Xi Jinping, que terá 69 anos no próximo congresso de 2022.

Xi Jinping "quer uma putinização" ao permanecer indefinidamente no poder, disse o sinólogo Jean-Pierre Cabestan, da Universidade Batista de Hong Kong, em referência ao presidente russo, Vladimir Putin, com quem o governante chinês parece compartilhar um certo desafio ao Ocidente, graças ao poder que possui com o fenomenal auge econômico de seu país.

Desde que chegou ao poder no fim de 2012, Xi Jinping colocou homens de confiança nos postos mais importantes, auxiliado por uma campanha anticorrupção que puniu mais de 1,3 milhão de funcionários.

Tolerância zero

O Partido seguirá praticando "tolerância zero" com as autoridades corruptas, destacou.

Apesar de não ter questionado a "economia de mercado socialista", seu governo foi marcado por um retorno da ideologia marxista e por uma repressão, manifestada na internet, contra os defensores dos direitos humanos, os dissidentes ou os religiosos.

"Isto não agrada a todos na China. Há pessoas que são contrárias à ideia de que ele permaneça por mais de 10 anos", afirmou Cabestan, ao indicar que "o retorno ao maoismo gera perplexidade em todo o país".

Ao lutar contra a corrupção, tanto nas Forças Armadas como no politburo, Xi Jinping "atacou os interesses adquiridos", observa o analista.

"Tudo isso rendeu muitos inimigos. Assumiu riscos que conseguiu superar até o momento", disse.

Em um claro indício da influência de Xi Jinping, seu nome pode ser incluído na carta do partido, honra reservada até então apenas a Mao Tsé-Tung, fundador da República Popular, e a Deng Xiaoping, idealizador das reformas que levaram a China ao posto de segunda maior economia mundial.

O próprio Xi Jinping mencionou em seu discurso uma "reflexão sobre o socialismo com as cores da China para uma nova era", uma ideia que pode resultar na distinção.

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