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Presidente Alberto Fernández desiste de concorrer à reeleição na Argentina

Fernández anunciou sua decisão em meio a uma crise econômica, com altíssima inflação e uma imagem negativa de cerca de 70%

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Agência de notícias

Publicado em 21 de abril de 2023 às 19h39.

Última atualização em 21 de abril de 2023 às 20h41.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, anunciou, nesta sexta-feira, 21, que não se candidatará à reeleição nas eleições gerais de outubro, para as quais sua coalizão de centro-esquerda Frente de Todos ainda não definiu candidato.

Fernández anunciou sua decisão em meio a uma crise econômica, com altíssima inflação (7,7% em março e 104% anualizado) e uma imagem negativa de cerca de 70%, segundo uma recente pesquisa da consultoria Poliarquía.

"No próximo dia 10 de dezembro de 2023, é o dia exato em que comemoramos 40 anos de democracia. Nesse dia, entregarei a faixa presidencial a quem for legitimamente eleito nas urnas pelo voto popular. Trabalharei energicamente para que seja alguém que represente o nosso espaço político", disse Fernández em um vídeo postado em sua conta no Twitter.

Em sua declaração de quase oito minutos, sob o título "Minha decisão", o presidente de 64 anos relembrou as condições de endividamento e inflação em que o país se encontrava quando assumiu o cargo em 2019, posteriormente agravadas pela pandemia global, pela guerra na Ucrânia e, atualmente, devido a "uma seca brutal", listou.

Para o consultor político Enrique Zuleta Puceiro, essa decisão "abre uma nova etapa" no cenário político argentino. "Há uma oportunidade para que as forças políticas encontrem novos caminhos. Essa é a sensação que alguns devem estar sentindo: Nos metemos em um atoleiro, que comecemos de novo."

"Porém, se não houver um forte componente de inovação e compromisso com a saída da crise, as coisas podem piorar", advertiu à AFP.

Passo necessário

Fernández também acusa o desgaste gerado por suas fortes desavenças com a vice-presidente Cristina Kirchner, que havia promovido a candidatura de Fernández em 2019 em uma chapa com ela.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, em fotografia de 22 de julho de 2022

Ex-chefe de gabinete de Cristina, e antes de seu marido, o já falecido ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007), a de 2019 foi a primeira eleição da qual Fernández participou ao longo de sua carreira política. 

A decisão do mandatário foi considerada pelo ministro do Interior, Eduardo "Wado" de Pedro, um possível candidato da Frente de Todos, como "um passo necessário para começar a organizar o peronismo, dar-lhe vitalidade e voltar a sonhar".

No entanto, o chefe do gabinete de ministros, Augusto Rossi, também um possível aspirante à candidatura, citou o falecido ex-presidente Juan Domingo Perón, ideólogo e fundador do peronismo.

"Primeiro a Pátria, depois o Movimento e, por último, os homens. Assim entendem e fazem política quem sabe os lugares que ocupam por e para o povo", escreveu no Twitter.

A Argentina celebrará o primeiro turno das eleições em 22 de outubro, com um eventual segundo turno em 19 de novembro.

Antes, em 13 de agosto, os partidos políticos devem realizar eleições primárias obrigatórias.

Eleições primárias

No partido governista, a vice-presidente e duas vezes presidente Cristina Kirchner (2007-2015) desistiu publicamente de disputar a Presidência ou qualquer outro cargo eletivo após ser condenada em primeira instância por corrupção, em dezembro passado, a seis anos de prisão e inabilitação política.

No entanto, setores do partido governista consideram a sentença uma forma de cassá-la e promovem a revisão dessa decisão.

Especula-se que o ministro da Economia, Sergio Massa, poderá lançar sua candidatura caso consiga melhorar a situação econômica, principalmente a inflação.

O embaixador no Brasil, Daniel Scioli, o governador da província de Chaco, Jorge Capitanich, e o líder social Juan Grabois também se manifestaram dispostos a concorrer.

O presidente argentino desistiu de concorrer à reeleição. A informação foi divulgada nesta sexta-feira, 21.

Na coalizão de oposição Juntos por el Cambio (centro-direita), o ex-presidente Mauricio Macri decidiu não optar pela candidatura presidencial. Em vez disso, o prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, já começou sua campanha para as primárias, assim como a ex-ministra da Segurança, Patricia Bullrich. 

Fernández e Kirchner têm altos níveis de rejeição, em torno de 70%, assim como Macri, disse Zuleta Puceiro, com base em suas próprias pesquisas.

Porém, os demais candidatos não parecem muito melhor. "No geral, todos os políticos têm uma rejeição não menor que 50%", assegurou o consultor.

Como emergente nesse processo eleitoral, aparece o deputado Javier Milei, um economista e político "libertário" de 52 anos que possui um forte discurso de direita e antissistema e ocuparia o terceiro lugar nas presidenciais, de acordo com as pesquisas.

Além de eleger presidente e vice-presidente por um período de quatro anos nas eleições de outubro, os argentinos vão renovar metade da Câmara dos Deputados, com 257 cadeiras, e um terço do Senado, com 72 membros.

Se nenhuma fórmula presidencial obtiver 45% dos votos ou 40% com uma diferença de pelo menos 10 pontos da segunda, será realizado um segundo turno.

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