Turquia: a explosão, que ocorreu na avenida Istiklal, deixou ao menos seis mortos e 81 pessoas feridas (AFP/AFP)
Estadão Conteúdo
Publicado em 14 de novembro de 2022 às 09h52.
Uma mulher foi presa por suspeita de implantar a bomba que explodiu, no domingo, 13, em uma rua central de Istambul, informou o ministro do Interior da Turquia, Suleyman Soylu. A explosão, que ocorreu na avenida Istiklal, deixou ao menos seis mortos e 81 pessoas feridas.
Em entrevista à mídia local nesta segunda-feira, 14, o ministro acrescentou que dados preliminares sugerem que o grupo terrorista do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) estaria por trás do ataque à movimentada avenida de pedestres. Pouco depois, ele indicou que outras 21 pessoas também foram presas.
O PKK é considerado uma organização terrorista pela Turquia, Estados Unidos e União Europeia, e está engajado em uma luta armada contra o governo turco desde a década de 1980. De acordo com Soylu, a ordem para o ataque veio de áreas no norte da Síria sob controle do PKK.
"Acreditamos que a ordem do ataque foi dada em Kobane", alegou o ministro, referindo-se à cidade síria perto da fronteira com a Turquia.
Horas depois de anunciar a prisão, a polícia turca informou que a jovem detida e acusada de plantar a bomba em Istambul é síria e confessou o crime, segundo a mídia local. A mulher reconheceu ter agido sob ordens do PKK e ter recebido orientações em Kobané no nordeste da Síria.
Por volta das 4 horas (pelo horário de Brasília), o Ministério da Defesa da Turquia comunicou que o Exército turco matou quatro membros do grupo terrorista, no norte da Síria.
"O herói Mehmetçik (termo que se refere aos soldados) continua a dar a punição necessária aos covardes que não ousam enfrentá-lo e que são traiçoeiros o suficiente para atacar pessoas inocentes", disse a pasta no Twitter. "Mais quatro terroristas do PKK, que estavam se preparando para atacar a região da Primavera da Paz (na Síria), foram neutralizados", acrescentou a breve mensagem.
Um pouco antes, o vice-presidente turco, Fuat Oktay, havia informado que as autoridades avaliaram que teria sido "um ataque terrorista cometido por uma mulher que detonou uma bomba".
O ministro da Justiça, Bekir Bozdag, também fez declarações à imprensa e reforçou, mais cedo, a hipótese de que uma mulher teria colocado uma bolsa com um explosivo no meio da avenida antes de se afastar.
"Ela estava sentada num banco por muito tempo, mais de 40 minutos. Então se levantou e, 1-2 minutos depois, ocorreu a explosão", disse o ministro, acrescentando que a identidade da mulher ainda era desconhecida. "Existem duas possibilidades: ou havia um mecanismo (temporizador) na bolsa e ele disparou sozinho, ou alguém o detonou à distância", explicou.
Antes do ministro do Interior atribuir o ataque ao grupo PKK, Bozdag tinha destacado que o envolvimento de organizações terroristas estava sendo avaliado, mas naquele momento, até então, a explosão não poderia ser atribuída a nenhuma. Segundo o ministro da Justiça, informações mais detalhadas devem vir à tona com o avançar das investigações.
A explosão ocorreu por volta das 16h20 (10h20 horário de Brasília) do domingo, na avenida Istiklal, na região central de Istambul, na Turquia.
A polícia isolou o local com medo de uma segunda explosão e as forças de segurança também bloquearam o acesso ao bairro e ruas vizinhas.
"Eu estava a cerca de 50-55 metros de distância, de repente houve um barulho de explosão. Vi três ou quatro pessoas no chão" disse Cemal Denizci, que presenciou o momento do atentado. "As pessoas estavam correndo em pânico. O barulho era enorme. Havia fumaça preta. O barulho era tão alto que era quase ensurdecedor" relatou.
A explosão, que provocou chamas, foi ouvida de longe e desencadeou um movimento de pânico, segundo imagens divulgadas nas redes sociais.
Vídeos compartilhados nas redes sociais mostraram um forte estrondo, seguido de chamas, e pessoas fugindo com pressa. Em outras imagens, é possível ver ambulâncias, caminhões de bombeiros e policiais no local após o ataque. Comércios fecharam mais cedo e a região foi interditada.
O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, chamou o ataque de 'traiçoeiro' e garantiu que os responsáveis serão punidos. "Que nossa nação tenha certeza de que os autores deste ataque serão expostos com todos os seus elementos e punidos como merecem", escreveu Erdogan em publicação no Twitter.
Ele ainda lamentou as mortes e se dirigiu aos familiares das vítimas. "Desejo a misericórdia de Deus para nossos irmãos que morreram no atentado, paciência para seus parentes e uma rápida recuperação para os feridos", acrescentou.
O Conselho Superior de Rádio e Televisão rapidamente proibiu a mídia de transmitir imagens do ataque para "evitar semear medo, pânico e inquietação na sociedade, e servir aos objetivos das organizações terroristas". O acesso às redes sociais também foi restringido após o ataque, segundo a Netblocks, organização que monitora o acesso à internet.
A avenida Istiklal, com 1,4 km de extensão e cujo nome significa 'Independência', está localizada no bairro histórico de Beyoglu. É uma das ruas destinadas para pedestres mais famosas da cidade, frequentada por moradores e turistas, e que conta com muitas lojas e restaurantes.
Na Turquia, já houve vários ataques explosivos entre 2015 e 2017 por membros do Estado Islâmico e por grupos curdos fora da lei.
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