Mundo

Preocupado, Israel apoia discretamente Exército do Egito

País está pedindo ao Ocidente que apoie o Exército em contrapartida a Irmandade Muçulmana, defendendo ser o único capaz de restaurar a estabilidade

Policiais montam guarda dentro da mesquita al-Fath, onde apoiadores do presidente deposto do Egito Mohamed Mursi trocaram tiros com as forças de segurança, no Cairo (Muhammad Hamed/Reuters)

Policiais montam guarda dentro da mesquita al-Fath, onde apoiadores do presidente deposto do Egito Mohamed Mursi trocaram tiros com as forças de segurança, no Cairo (Muhammad Hamed/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2013 às 16h08.

Jerusalém - Israel está pedindo ao Ocidente que apoie o Exército do Egito em sua confrontação com a Irmandade Muçulmana, discretamente repetindo as advertências feitas pelo aliado regional dos Estados Unidos, a Arábia Saudita, contra pressionar o governo apoiado pelos militares.

"Israel compartilha suas opiniões com os EUA e alguns países da UE (União Europeia), e essas opiniões são para dar prioridade à restauração da estabilidade", disse uma importante autoridade israelense nesta segunda-feira.

"Goste-se ou não, o Exército é o único partido que pode restaurar a paz e a ordem (no Egito)." Com o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, instruído por ele a evitar comentários públicos sobre a agitação no Egito, onde cerca de 850 pessoas, inclusive 70 policiais e soldados, foram mortos em quase uma semana de violência, autoridades do governo vêm falando sob anonimato sobre as preocupações de Israel.

Entre elas está qualquer sinal de um enfraquecimento de apoio a militares egípcios que mantiveram laços de segurança estreitos com Israel, mesmo durante o governo de um ano do presidente Mohamed Mursi, o líder da Irmandade Muçulmana deposto pelo Exército em 3 de julho depois de protestos enormes contra ele.

Respondendo ao número crescente de mortos no Egito, os Estados Unidos adiaram a entrega de quatro caças F-16 e abandonaram um exercício militar conjunto com as Forças Armadas egípcias, mas não retiraram a ajuda anual de 1,55 bilhão de dólares.

Essa decisão, disse uma autoridade israelense, "provocou o levantar de sobrancelhas" em Israel, que assinou um tratado de paz com o Egito em 1979 que vem sendo escorado por uma relação prática entre as Forças Armadas dos dois países.

Mas outras autoridades insistiram que não havia nenhum lobby israelense oficial em Washington para dissuadir o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de tomar medidas mais fortes para tentar coibir a repressão militar egípcia.

"Quando falamos (com as autoridades norte-americanas), dizemos claramente o que achamos. Não significa que seja uma campanha. Compartilhamos nossas opiniões e análises", disse uma autoridade.

"Com qual outro vizinho do Egito eles podem falar sobre isso? Somos a única nação com quem eles podem falar sobre o que está bem na fronteira; obviamente, há muito para trocar." Israel, esperando preservar seu tratado de paz com o Egito, não disse nada em resposta à eleição de Mursi para a Presidência um ano atrás, depois que o autocrata Hosni Mubarak foi derrubado, mas Netanyahu já expressou no passado seu medo de um governo islâmico no Egito.

Tal cenário, disse em 2011, representava "uma ameaça tremenda" à cooperação egípcia-israelense.

Israel vê as Forças Armadas do Egito como críticas para o confronto do fundamentalismo islâmico em nível nacional e para lidar com os ataques lançados por militantes islamistas na Península do Sinai, que há tempos é uma longa fronteira deserta com o Estado judaico.

Aumentando os temores de Israel sobre um aumento da criminalidade à sua porta, supostos atiradores islâmicos mataram ao menos 24 policiais egípcios em uma emboscada no Sinai nesta segunda-feira.

Acompanhe tudo sobre:ÁfricaConflito árabe-israelenseDiplomaciaEgitoIsrael

Mais de Mundo

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA

À espera de Trump, um G20 dividido busca o diálogo no Rio de Janeiro

Milei chama vitória de Trump de 'maior retorno' da história