Mapa da NASA mostra aquecimento global: hoje, a temperatura do planeta é 0.75Cº mais alta que no passado (NASA)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2012 às 16h27.
Rio de Janeiro - Carlo Rubbia, que partilhou o Prêmio Nobel de Física em 1984, afirmou que o aquecimento global é um problema muito maior do que as pessoas imaginam. Falando na Rio+20 à agência de notícias Xinhua, ele disse: “Minha mensagem é que a situação está muito pior do que se vê e se acredita.”
Rubbia mencionou dois “fenômenos contraditórios”: o aquecimento global e o efeito-máscara dos aerossóis, que efetivamente contrabalança os efeitos do aquecimento. Não fosse por isso, a temperatura do planeta teria subido até agora em 3Cº, segundo ele.
“As pessoas nas ruas não percebem os efeitos da mudança do clima” porque nos últimos dez anos a temperatura não aumentou substancialmente. “Por isso, elas acham que a pressão do aquecimento global não é uma realidade.”
Na realidade, há dois fenômenos coexistindo ao mesmo tempo – o aquecimento global, que causa a elevação de temperaturas, e os aerossóis, que reduzem a transparência do ar e portanto reduzem a temperatura, disse Rubia.
”Então, temos este equilíbrio instável, um aquecimento que na verdade não vemos por causa de muita poluição produzidas pelos aerossóis, a poeira na atmosfera, e etc.”, afirmou. No entanto, “assim que limparmos o mundo usando menos carros, queimando menos, a extensão plena do aquecimento retornará, e será tarde demais,” ele advertiu.
Rubbia lembrou “uma mudança muito substancial de temperatura” na Europa no verão de 2003, que depois desapareceu.
Todos os grandes emissores de gases estufa concordaram no acordo de Copenhague que a temperatura global média não deve se elevar acima dos 2Cº. Hoje, a temperatura do planeta é apenas 0.75Cº mais alta que no passado, mas na realidade podia ter subido em três graus se não fosse o efeito máscara que cancela os efeitos do aquecimento.
Como resultado, as pessoas não estão levando a coisa “suficientemente a sério” porque a situação se tornou muito mais complicada e não tão óbvia como “um sim ou não”, afirmou ele.
Rubbia também manifestou preocupações sobre uma tendência em muitos países de usar cada vez mais carvão como fonte primária de energia. Alemanha e outros países europeus, por exemplo, estão aumentando seu consumo de carvão porque querem suprimir o uso de energia nuclear. Esta tendência também se verifica no Japão. “Há mais carvão, e isto significa mais CO2. Estamos no processo em que as emissões de CO2 não tendem a se estabilizar, mas a acelerar.”