O presidente da Fifa, Joseph Blatter: antes de anunciar sua futura saída da Fifa, Blatter confessava a seus aliados mais próximos que esperava um dia receber o Prêmio Nobel da Paz pelo papel do futebol em áreas de conflito (MICHAEL BUHOLZER/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de junho de 2015 às 18h04.
Genebra - Os organizadores do Prêmio Nobel decidiram acabar com sua parceria com a Fifa. O fim do acordo é mais um exemplo de uma série de parceiros e entidades que vêm abandonando a entidade máxima do futebol diante dos escândalos de corrupção.
O Nobel Peace Center e a Fifa haviam fechado um acordo às vésperas da Copa do Mundo de 2014 para usar o futebol para promover a paz. Cada partida seria iniciada por um aperto de mãos entre os capitães das duas equipes, simbolizando um esforço pela paz e um projeto pessoal de Joseph Blatter, presidente da entidade. Em troca, a Fifa destinava US$ 1 milhão aos noruegueses.
No lançamento do projeto, no Maracanã, jornalistas questionaram o instituto com ligações com o Prêmio Nobel por se aliar à Fifa, apesar dos escândalos de corrupção. Naquele momento, a explicação dada pela entidade era de que tinha confiança de que reformas ocorreriam.
No último dia 29, ao vencer as eleições para a Fifa, Blatter voltaria a insistir em seu projeto. "A Fifa renova seu apelo global por solidariedade e fair play por meio da campanha com o Nobel Peace Center", indicou. Segundo ele, "o aperto de mão pela paz" seria um "poderoso símbolo".
Mas o presidente da instituição, Olav Njølstad, optou por sair do acordo. "O conselho acredita que o Aperto de Mão pela Paz é uma boa iniciativa. Não queremos acabar com ele. Mas é natural que o Centro [Nobel Peace Center] queira agora sair da iniciativa e deixá-la com a Fifa", explicou o executivo à imprensa norueguesa.
Antes de anunciar sua futura saída da Fifa, Blatter confessava a seus aliados mais próximos que esperava um dia receber o Prêmio Nobel da Paz pelo papel do futebol em áreas de conflito pelo mundo. Além da aliança com os organizadores, ele criou prêmios para incentivar ações humanitárias pelo mundo e proliferou doações a regiões afetadas por terremotos, guerras ou outras catástrofes.
A decisão do Nobel em abandonar a Fifa, agora, promete ter um impacto ainda maior que a opção da Interpol de romper com a entidade de futebol na semana passada. A agência policial havia fechado um acordo em 2011 para lutar contra o crime organizado no futebol em troca de 20 milhões de euros (R$ 70 milhões).
Na semana passada, porém, foi a mesma Interpol que colocou em seu site alguns dos principais cartolas da Fifa entre as pessoas mais procuradas no mundo. Patrocinadores em todo o mundo estão também pressionando por mudanças, alertando que a crise começa a afetar suas próprias campanhas.