O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu: ele se encontrou na segunda-feira com o líder da legenda oposicionista (Mohammed Huwais/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de agosto de 2015 às 11h21.
Ancara - O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoglu, deverá formalmente desistir nesta terça-feira de formar o próximo governo, depois de semanas de negociações com os partidos da oposição sem conseguir chegar a um acordo para uma coalizão, disse um alto funcionário de seu partido, o governista AK.
Davutoglu vinha tentando encontrar um parceiro de coalizão desde que o AK perdeu a maioria parlamentar nas eleições de junho, o que o deixou sem condições de governar sozinho pela primeira vez desde que chegou ao poder, em 2002.
A Turquia, país membro da Otan, não enfrentava tal nível de incerteza política desde os frágeis governos de coalizão da década de 1990, uma turbulência que afeta o país num momento em que combate militantes curdos no país e assume um papel de primeira linha na campanha liderada pelos Estados Unidos contra os insurgentes do Estado Islâmico na Síria.
Davutoglu se encontrou na segunda-feira com o líder da legenda oposicionista de direita Partido do Movimento Nacionalista (MHP), em um último esforço para chegar a um governo operacional, mas o dirigente do MHP recusou todas as opções que ele apresentou.
"Depois das conversas de ontem, não resta ao partido nenhuma opção de coalizão permanente. Davutoglu, portanto, devolverá o cargo ao presidente esta noite", disse o funcionário à Reuters, pedindo que não fosse identificado por se tratar de um assunto delicado.
O primeiro-ministro deve se reunir com o presidente Tayyip Erdogan mais tarde nesta terça-feira.
Erdogan poderia, teoricamente, entregar agora a missão de formar o próximo governo ao Partido Republicano do Povo (CHP), segunda maior legenda da Turquia, embora seja altamente improvável que seja capaz de formar uma coalizão viável antes do prazo-limite, de 23 de agosto.
Nos termos da Constituição, se não houver um governo até 23 de agosto, Erdogan tem de dissolver o gabinete interino de Davutoglu e pedir a formação de um governo provisório de partilha de poder para conduzir a Turquia a uma nova eleição nos próximos meses.