Tayyp Erdogan: decisão final sobre candidatura poderá ser tomada apenas em meados de junho (Behrouz Mehri/AFP)
Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2014 às 13h47.
Istambul - O primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, que deverá concorrer à Presidência em agosto, sinalizou que vai intensificar a varredura das instituições do Estado para conter a influência de um clérigo islâmico acusado pelo premiê de tentar derrubá-lo.
Erdogan usou um discurso no domingo, após uma reunião de seu Partido AK, para deixar claro que sua batalha com o clérigo norte-americano Fethullah Gulen está longe de terminar.
Milhares de policiais e centenas de juízes e promotores foram realocados e altos funcionários em instituições estatais demitidos no que é amplamente visto como um movimento para sufocar a influência do movimento Hizmet, de Gulen.
Erdogan acusa Gulen, que tem muitos adeptos na polícia, no judiciário e em setores da burocracia estatal, de orquestrar um escândalo de corrupção para tentar derrubá-lo e de estabelecer uma "estrutura paralela" dentro do país. Ele pediu aos Estados Unidos para extraditarem Gulen, que vive em exílio na Pensilvânia desde 1999.
Gulen nega conspirar contra o governo.
Erdogan disse que a decisão final sobre a sua candidatura à Presidência poderá ser tomada apenas em meados de junho, mas ele deve realizar um comício em Colônia, na Alemanha, neste mês, depois que mudanças na legislação tornaram mais fácil para os turcos que estão no exterior votarem.
Yasin Aktay, vice-presidente do AK, encarregado de assuntos estrangeiros, disse a jornalistas em Istambul na segunda-feira que a Presidência de Erdogan seria mais forte do que a de Abdullah Gul, que tem desempenhado um papel mais simbólico.
"A Presidência de Tayyip Erdogan nunca vai manter-se dentro dos limites de um (papel) cerimonial. As autoridades enumeradas na Constituição agora são muito grandes", disse.
Ele afirmou que nenhum dos seguidores de Gulen seria removido de seu cargo simplesmente por ser membro do movimento, mas disse que se eles estiverem trabalhando em órgãos do Estado e recebendo ordens de outro lugar, eles seriam expulsos.
"Agora é guerra. Não há caminho de volta", disse Aktay.
Erdogan disse numa reunião no domingo na província de Afyonkarahisar: "Se a transferência de pessoas que traíram este país de um posto para outro é uma caça às bruxas, sim, vamos realizar uma caça às bruxas."