Recep Tayyip Erdogan: o líder opositor acusou Erdogan de colocar em risco a segurança da Turquia ao envolver-se de forma direta no conflito (Adem Altan/AFP/AFP)
Da Redação
Publicado em 14 de maio de 2013 às 14h04.
Ancara - A maior formação opositora turca, o laico Partido Republicano do Povo (CHP, sigla em turco), elevou nesta terça-feira o tom de suas críticas à política de Ancara com relação à Síria ao acusar o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, de financiar a Al Qaeda no país vizinho.
"O senhor está reforçando a Al Qaeda na Turquia, está dando armas a eles e mandando-os à Síria", declarou no Parlamento turco o líder do CHP, Kemal Kilicdaroglu.
O líder opositor acusou Erdogan e o ministro das Relações Exteriores, Ahmet Davutoglu, de alinhar-se com Catar e Arábia Saudita em seu apoio direto com armas e dinheiro aos rebeldes sírios, incluindo radicais islâmicos, que lutam contra o regime de Bashar al-Assad.
Kilicdaroglu deu essas declarações após visitar a cidade turca de Reyhanli, fronteiriça com a Síria, onde um duplo atentado com carro-bomba matou 51 pessoas no último sábado.
O líder opositor acusou Erdogan de colocar em risco a segurança da Turquia ao envolver-se de forma direta no conflito do país vizinho e não garantir controle adequado nas fronteiras.
"Não há nenhuma fronteira. Abrimos nossos braços a grupos terroristas extremistas", destacou.
Erdogan, disse o líder opositor, ofereceu a esses grupos "um espaço, lhes deu armas e treinamento para depois enviá-los à Síria para matar seus próprios irmãos e irmãs. Erdogan também é responsável pelas crianças e mulheres assassinadas na Síria".
As autoridades turcas acusaram Damasco e seus serviços secretos de estarem por trás do atentado do último sábado, o que o regime sírio negou.
O deputado do CHP Refik Erylmaz, que também se deslocou a Reyhanli, explicou ontem à Agência Efe que os cidadãos turcos nessa cidade estão "aterrorizados" pela presença de elementos armados da oposição síria sem que a Polícia turca intervenha.
Erdogan, que não comentou as acusações do líder da oposição, deve reunir-se na quinta-feira em Washington com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para tratar da situação na Síria.