Temer e Shinzo Abe: "O Brasil é um mercado muito importante para as empresas japonesas" (Kim Kyung-Hoon/Reuters)
EFE
Publicado em 19 de outubro de 2016 às 10h29.
Tóquio -O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, afirmou nesta quarta-feira que apoia as reformas realizadas pelo presidente Michel Temer e destacou que estas tornam o Brasil "mais atrativo" para as empresas japonesas, após a cúpula bilateral realizada em Tóquio.
Os dois governantes se comprometeram a estreitar as já fluentes relações políticas e econômicas e assinaram um acordo de investimento em infraestrutura, durante a primeira visita oficial em 11 anos de um presidente brasileiro ao país asiático.
"O Brasil é um mercado muito importante para as empresas japonesas e as reformas políticas e econômicas, assim como a abertura do mercado, o tornam ainda mais atrativo", afirmou Abe em entrevista coletiva após o encontro.
"O Japão apoia a política de reformas, de criação de novas estruturas e de fortalecimento da competitividade que o presidente Temer está adotando", afirmou o líder da terceira maior economia do mundo.
Temer, por sua vez, destacou que o crescimento econômico e a criação de "um ambiente de segurança e previsibilidade jurídica" são as prioridades de seu governo.
A recuperação da economia brasileira "passa pelo comércio e os investimentos estrangeiros, especialmente do lado japonês", disse Temer, que destacou que atualmente há cerca de 700 empresas japonesas operando no país.
Ambas as partes assinaram um acordo de investimento para promover a participação de empresas japonesas em projetos de infraestrutura no Brasil, que inclui medidas para melhorar o contato entre entes públicos e privados dos dois países.
Brasil e Japão também intensificarão sua cooperação em matéria de agricultura, energia, esportes e educação, entre outras áreas nas quais os japoneses "podem apresentar seu grande conhecimento tecnológico e científico", segundo Temer.
O presidente acrescentou que o Brasil pretende diversificar suas exportações para o Japão, ampliando seu leque de produtos - que hoje são principalmente matérias-primas e acabadas de metalurgia, carne e produtos químicos - para incluir outros que apresentem "maior valor agregado".
Os investimentos japoneses no Brasil chegaram a US$ 2,516 bilhões em 2013, enquanto as importações japonesas totalizaram US$ 7,081 bilhões e as exportações brasileiras US$ 7,964 bilhões, de acordo com os últimos dados do Executivo japonês.
Em matéria de Relações Exteriores, os dois governantes enfatizaram que compartilham os mesmos valores básicos, entre os quais destacaram a democracia e a defesa da paz e da segurança.
Abe insistiu que é necessário "proteger a estabilidade regional", e em particular, destacou que é preciso manter o direito de livre navegação no Mar do Sul da China e no Mar da China Oriental.
Além disso, ambos lembraram que Japão e Brasil baseiam suas estreitas relações em um "forte vínculo humano" graças aos fluxos migratórios em ambas as direções.
Aproximadamente 2 milhões de japoneses e descendentes vivem no Brasil, enquanto a comunidade de cidadãos brasileiros e descendentes diretos de imigrantes japoneses que residem no Japão está em torno de 170 mil.
Temer também elogiou a importância desses laços históricos e afirmou que os descendentes de japoneses "contribuíram para o desenvolvimento do Brasil", durante seu encontro com o imperador japonês Akihito no Palácio Imperial de Tóquio, antes de sua reunião com Abe, informou a agência de notícias da Casa Imperial.
Durante sua viagem ao Japão, Temer esteve acompanhado pelo ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Marcos Pereira; o de Agricultura, Blairo Maggi; o de Esporte, Leonardo Picciani; o de Transporte, Maurício Quintella; e o de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que mantiveram uma série de encontros com representantes de empresas e instituições japonesas.