Policiais são vistos de dentro de um prédio durante os protestos contra o governo em Istambul (REUTERS/Murad Sezer)
Da Redação
Publicado em 1 de junho de 2013 às 11h09.
Istambul- O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, disse neste sábado que não cederá diante dos protestos que desde a madrugada da sexta-feira paralisaram Istambul e se estenderam para outras cidades da Turquia.
Em discurso pronunciado em Istambul e transmitido ao vivo pelas cadeias de televisão, o líder disse que os protestos eram 'ideológicos'. Houve enfrentamentos entre os manifestantes e a polícia, que utilizou gás lacrimogêneo.
O objetivo inicial do protesto era salvar um parque do centro da cidade, mas muitos manifestantes pedem também a renúncia do governo e acusam as autoridades de usarem a violência.
'Este incidente já não tem nada a ver com o Parque Gezi, se transformou em algo ideológico, para conquistar (a prefeitura) Istambul', assegurou Erdogan, que prometeu que o projeto para urbanizar o parque vai continuar.
'Ninguém tem direito de aumentar a tensão com a desculpa de que vão cortar árvores', disse o primeiro-ministro, ao mesmo tempo que acusou os partidos da oposição de 'colaborarem com organizações ilegais'.
Vários deputados do Partido Republicano do Povo (CHP) e o Partido Paz e Democracia (BDP), ambos na oposição, participam dos protestos e dois congressistas foram hospitalizados.
O CHP anunciou para hoje um comício no bairro de Kadiköy, no lado asiático da cidade, mas horas mais tarde cancelou o evento e pediu a seus seguidores que comparecessem diretamente no distrito de Taksim, onde ocorre a maior parte dos enfrentamentos policiais.
O líder do CHP, Kemal Kiliçdaroglu, pediu a Erdogan que retire a polícia de Taksim e recue no projeto de transformar o parque Gezi em um centro comercial.
Mas Erdogan não deu seu braço a torcer. 'Antes das eleições prometemos ao nosso povo realizar o projeto de Taksim e vamos cumprir', disse, apesar da medida não ter sido aprovada por uma comissão municipal.
O primeiro-ministro, no entanto, admitiu que foram 'cometidos erros no uso do gás lacrimogêneo por parte das forças de segurança' e prometeu investigá-los, mas reiterou que 'a polícia esteve no local ontem, está hoje e estará amanhã'.
A oposição 'pode reunir cem mil pessoas no lugar, mas com meu partido posso reunir um milhão', desafiou Erdogan. EFE