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Premiê da Ucrânia alerta ONU sobre questão nuclear

"Não queremos nenhum tipo de agressão militar", acrescentou Arseni Yatseniuk, diante do embaixador russo na ONU, Vitali Churkin


	Arseni Yatseniuk, premiê da Ucrânia: "Acreditamos que ainda temos uma oportunidade de resolver esse conflito de maneira pacífica"
 (AFP)

Arseni Yatseniuk, premiê da Ucrânia: "Acreditamos que ainda temos uma oportunidade de resolver esse conflito de maneira pacífica" (AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de março de 2014 às 20h59.

O primeiro-ministro interino ucraniano, Arseni Yatseniuk, advertiu nesta quinta-feira no Conselho de Segurança da ONU que a não proliferação de armas nucleares e a segurança mundial podem ser afetadas pela crise na Crimeia, e defendeu que ainda há tempo para uma solução pacífica.

"Acreditamos que ainda temos uma oportunidade de resolver esse conflito de maneira pacífica", disse Yatseniuk na reunião realizada em Nova York, a apenas três dias do referendo na Crimeia sobre sua anexação à Rússia.

"Não queremos nenhum tipo de agressão militar", acrescentou Yatseniuk, diante do embaixador russo na ONU, Vitali Churkin.

A Rússia ainda não reconhece como legítimas as autoridades interinas ucranianas, que assumiram o poder após a destituição do então presidente pró-Moscou Viktor Yanukovytch, em fevereiro passado.

Yatseniuk alertou que, a menos que a Rússia aceite um diálogo real, a crise poderá minar a segurança mundial e a não proliferação de armas nucleares.

"Depois dessas ações, será muito difícil convencer alguém no mundo a não ter armas nucleares", afirmou, referindo-se ao fato de a Ucrânia ter destruído seu arsenal em 1994, anos depois da dissolução da antiga União Soviética. O acordo firmado incluiu o compromisso russo, americano e britânico de garantir a unidade territorial da Ucrânia.

Em uma corrida contra o relógio, os ocidentais continuam tentando modificar a posição do presidente russo, Vladimir Putin, que se nega a retirar os milhares de homens estacionados na península ucraniana da Crimeia desde fevereiro.

Até o momento, porém, a Rússia não cede, como voltou a deixar claro o embaixador Churkin, em seu discurso no órgão máximo da ONU.

"A Rússia não quer uma guerra" com a Ucrânia, afirmou Churkin, destacando, em mensagem a Yatseniuk, que não foi Moscou que "iniciou a espiral de violência" que levou a região de maioria russa da Crimeia a declarar sua independência de maneira unilateral e a organizar um referendo no próximo domingo sobre sua anexação à Rússia.


Respondendo "diretamente" a Yatseniuk, Churkin acusou os europeus e os Estados Unidos de terem provocado essa crise, incitando os ucranianos a "derrubar pela força o governo legítimo" do então presidente pró-russo Viktor Yanukovytch.

Churkin voltou a defender o referendo de domingo, afirmando que é resultado do vazio legal na Crimeia, consequência, segundo ele, do "golpe anticonstitucional do governo em Kiev", em fevereiro passado.

A Rússia cedeu a Crimeia à Ucrânia em 1954, quando as duas repúblicas eram parte da URSS. A península tem dois milhões de habitantes, russófonos em sua maioria.

Projeto de resolução contra a Rússia

Em meio a múltiplas manobras diplomáticas em curso, os Estados Unidos fizeram circular no Conselho de Segurança, nesta quinta-feira, um projeto de resolução, defendendo a integridade territorial da Ucrânia e contra o referendo na Crimeia.

Os americanos esperam que esse texto seja votado no sábado, antes do referendo, já declarado ilegal pela Ucrânia e pelas potências ocidentais, anunciou o embaixador britânico na organização, Mark Lyall Grant.

"Os Estados Unidos circularam um projeto de resolução e disseram que haverá negociações para estar em posição de votar no sábado", afirmou Lyall Grant.

Como membro permanente do Conselho, ao lado de Estados Unidos, China, França e Grã-Bretanha, a Rússia tem direito a veto, o que significa que pode bloquear qualquer decisão que se tente tomar nessa instância.

Na mesma sintonia que Yatseniuk, Lyall Grant declarou que a janela para uma solução pacífica "é estreita, mas ainda existe". Para isso, defendeu, a Rússia deve retirar suas tropas e "deve se afastar do referendo, deixando claro que não utilizará o resultado como desculpa para uma anexação".

Já a embaixadora americana na ONU, Samantha Power, reiterou que seu governo "apoia de maneira enérgica conversas diretas entre Ucrânia e Rússia".

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