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Premiê da oposição síria rejeita diálogo com Assad

O novo primeiro-ministro se encarregará de gerir os territórios da Síria conquistados pelos rebeldes


	O novo primeiro-ministro interino da rebelião síria, Ghassan Hitto: o novo chefe de governo provisório indicou à imprensa que em breve anunciará o programa de seu novo governo
 (Ozan Kose/AFP)

O novo primeiro-ministro interino da rebelião síria, Ghassan Hitto: o novo chefe de governo provisório indicou à imprensa que em breve anunciará o programa de seu novo governo (Ozan Kose/AFP)

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Da Redação

Publicado em 19 de março de 2013 às 13h21.

Istambul - Eleito pela oposição síria, o novo primeiro-ministro interino da rebelião, Ghassan Hitto, afirmou nesta terça-feira, em Istambul, que não irá dialogar com o regime do presidente, Bashar al-Assad.

"Confirmamos ao grande povo sírio que não haverá diálogo com o regime de Assad", declarou Hitto, que se encarregará de gerir os territórios da Síria conquistados pelos rebeldes hostis ao presidente Bashar al-Assad.

Após algumas horas de descanso, Hitto e cerca de 70 membros da Coalizão Nacional da oposição síria retomaram as discussões na manhã desta terça-feira a portas fechadas, com o objetivo de definir a formação e as prerrogativas do futuro executivo.

Pouco depois de sua eleição - após catorze horas de negociações -, o novo chefe de governo provisório indicou à imprensa que em breve anunciará o programa de seu novo governo.

O executivo deve ser instalado nos territórios do norte e do leste da Síria, conquistados pelos rebeldes hostis ao regime do presidente Bashar al-Assad, segundo os membros da Coalizão.

A oposição também espera que o executivo facilite a entrega de armas aos rebeldes, apoiada por alguns países ocidentais, como França e Grã-Bretanha.

Nascido em 1964, Hitto ocupava até o ano passado um cargo de alto escalão em uma companhia de telecomunicações no Texas (Estados Unidos), antes de se unir em novembro de 2012 às fileiras da oposição.

Embora Hitto seja apresentado como um candidato consensual, capaz de reunir as correntes islamitas e liberais da oposição, a vitória deste homem membro do movimento islamita não gera unanimidade.


Como sinal das profundas divisões em suas fileiras, vários membros da Coalizão se negaram a participar da votação e acusaram a Irmandade Muçulmana de impor a candidatura de Ghassan Hitto.

"Não queremos que ocorra na Síria o que aconteceu no Egito. Confiscaram a revolução", indicou Kamal Labwani, um dos membros da Coalizão. Proveniente do grupo da Irmandade Muçulmana, seu "colega" Faruk Tayfur rejeitou estas acusações e afirmou que seu movimento "apoiou Hitto como candidato ao Conselho Nacional Sírio".

Além de trabalhar na formação de seu governo, o primeiro-ministro interino precisará impor rapidamente sua autoridade nos diversos grupos rebeldes que combatem o exército de Bashar al-Assad.

Antes de sua eleição, o Exército Sírio Livre (ESL), a principal força armada da rebelião, anunciou seu apoio, sem condições, ao futuro chefe do executivo.

"Apoiaremos este governo e trabalharemos sob sua égide", declarou durante uma coletiva de imprensa Selim Idriss, o chefe do Estado-Maior do ESL, que constitui a principal força armada da rebelião.

Longe das discussões em Istambul, o presidente libanês, Michel Suleiman, classificou nesta terça-feira de inaceitável o ataque realizado na segunda-feira pela aviação síria contra seu território.

"O bombardeio aéreo sírio contra o território libanês é uma violação inaceitável da soberania libanesa", afirmou, segundo um comunicado da presidência datado em Lagos, onde se encontra no âmbito de um giro pela África.

É a primeira confirmação oficial de que este ataque atingiu o Líbano.


Uma autoridade militar de alto escalão do Líbano, que pediu o anonimato, confirmou à AFP o ataque, mas não quis informar se havia atingido o Líbano.

Por sua vez, o regime sírio acusou nesta terça-feira os rebeldes de terem disparado um míssil com uma ogiva química na província de Aleppo (norte), o que a oposição desmentiu, responsabilizando as autoridades pelo ataque.

"Os terroristas lançaram um míssil que continha produtos químicos sobre a região de Khan al-Assal, na província de Aleppo, matando 15 pessoas, em sua maioria civis", acrescentou a agência.

Já o ministério russo das Relações Exteriores disse ter informações de que rebeldes sírios utilizaram armas químicas em Aleppo.

"De acordo com informações que estamos obtendo de Damasco, no início da manhã desde dia 19 de março, na província de Aleppo houve uma situação da oposição síria utilizando armas químicas", informou o ministério, acrescentando que estava muito preocupado.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) confirmou que um míssil terra-terra alcançou uma posição do exército em Khan al-Assal, mas não sabia informar se a ogiva continha armas químicas. Acrescentou que o ataque matou 16 soldados e 10 civis.

Segundo a ONU, o conflito sírio deixou cerca de 70.000 mortos e milhares de deslocados.

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