Mundo

Premiê da Eslováquia é o 1º líder mundial a renunciar devido à pandemia

A Eslováquia, país da zona euro, com 5,5 milhões de habitantes, tem uma das maiores taxas de mortalidade por covid-19 e de contágios pelo coronavírus do mundo

Igor Matovic (VLADIMIR SIMICEK/Getty Images)

Igor Matovic (VLADIMIR SIMICEK/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de março de 2021 às 21h57.

O primeiro-ministro da Eslováquia, o populista Igor Matovic, e seu governo de centro-direita renunciaram nesta terça-feira, 30, para superar uma crise política causada por sua gestão da pandemia e pela compra escondida de seus parceiros de coalizão da vacina russa contra o coronavírus, a Sputnik V, ainda não liberada pela União Europeia.

O eslovaco é o primeiro líder da UE e global a cair devido à gestão da pandemia, mas a medida vai manter a atual coalizão no poder e evitar eleições antecipadas, ainda que existam muitas incógnitas sobre seu futuro.

A presidente do país, Zuzana Caputova, designou o ministro das Finanças, Eduard Heger, para sucedê-lo durante uma cerimônia na capital, Bratislava, com a participação dos três políticos, transmitida ao vivo pela televisão eslovaca. "Quando um ano equivale a dez da sua vida (...). Foi uma honra e obrigado", escreveu Matovic no Facebook antes da cerimônia.

Matovic assumirá a pasta das Finanças no lugar de Heger, o novo primeiro-ministro designado. Ambos pertencem à mesma formação populista - OLaNO.

Heger, de 44 anos, é um aliado próximo de Matovic no partido que chegou ao poder com a promessa de acabar com a corrupção, mas perdeu grande parte de sua popularidade após vencer com 25% dos votos as eleições legislativas de fevereiro do ano passado.

O governo eslovaco está sofrendo as consequências de sua gestão errática da pandemia e, embora o país tenha saído ileso da primeira onda, enfrentou a segunda no último outono (norte) sem uma estratégia clara e consensual.

A Eslováquia foi, por iniciativa do primeiro-ministro, o primeiro país do mundo a realizar, em dois fins de semana consecutivos no início de novembro, teste em todos os habitantes com mais de 10 anos, o que permitiu o isolamento de mais de 50 mil pessoas que testaram positivo.

No entanto, essa estratégia, vendida como alternativa ao confinamento, não funcionou e não serviu para conter a propagação do vírus nesse país da Europa Central.

Além disso, devido à falta de coordenação e de um sistema de rastreamento e detecção de infecções, as novas cepas mais contagiosas da covid, como a mutação britânica, não puderam ser isoladas logo, o que desencadeou - durante a terceira onda - os altos índices de contágio e morte.

A Eslováquia, país da zona euro, com 5,5 milhões de habitantes, tem uma das maiores taxas de mortalidade por covid-19 e de contágios pelo coronavírus do mundo. Atualmente, a taxa de mortalidade é de 217 por 1 milhão, a terceira maior da Europa, depois da República Checa e Hungria.

Foi neste contexto de crise sanitária, com hospitais no limite, que Matovic tomou a decisão unilateral de comprar 2 milhões de doses da vacina russa ainda não homologada na União Europeia. Essa decisão foi criticada pela presidente eslovaca, que expressou que ela deixava subentendida uma orientação externa do país em relação à UE e à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). A medida desencadeou um processo de desintegração do governo, no qual seis ministros renunciaram em poucas semanas.

De acordo com uma pesquisa de 21 de março, mais de 80% dos eslovacos queriam a renúncia de Matovic.

Heger, de 44 anos, é um ex-economista e empresário conhecido pelo seu pragmatismo. Ele assumiu como ministro das Finanças em março de 2020. 

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusCrise políticaEslováquiaPandemia

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru