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Preço do etanol recua por avanço da safra e vendas

Os preços do etanol nas usinas paulistas recuaram na última semana, com vendas para liberar espaço para o combustível da safra nova e pela necessidade de caixa


	Etanol: com o avanço da colheita e moagem em meio ao clima favorável, diferentes participantes do mercado apontaram quedas que variam entre 4 e quase 8 % 
 (Marcos Santos/USP Imagens)

Etanol: com o avanço da colheita e moagem em meio ao clima favorável, diferentes participantes do mercado apontaram quedas que variam entre 4 e quase 8 %  (Marcos Santos/USP Imagens)

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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2013 às 17h05.

São Paulo - Os preços do etanol nas usinas paulistas recuaram na última semana, com produtores realizando vendas para liberar espaço para o combustível da safra nova e pela necessidade de caixa neste começo da temporada 2013/14, segundo especialistas do setor.

Com o avanço da colheita e moagem em meio ao clima favorável, diferentes participantes do mercado apontaram quedas que variam entre 4 e quase 8 % ─ um recuo que, quando chegar às bombas, possivelmente não será transferido em sua totalidade aos consumidores.

O indicador diário do Cepea, colocado em Paulínia (SP), indicou que o preço do etanol vendido pelas usinas teve uma queda de 7,92 % na semana até a última sexta-feira, já considerando o desconto de 120 reais por metro cúbico referente à desoneração aprovada pelo governo.

"Esse comportamento refletiu a combinação entre a demanda estável e necessidade de caixa por parte das usinas que estiveram no mercado spot", apontou o Cepea em relatório semanal recente.

Já o cálculo de uma importante corretora, que pediu para não ser identificada, indica que o preço pago pelas distribuidoras às usinas pelo etanol hidratado --usado para abastecer os carros bicombustível (flex fuel)-- teve queda de pouco mais de 4 % em São Paulo na semana encerrada na última sexta-feira, ante a anterior.

"No cálculo que elimina o efeito PIS/Cofins, o que temos é uma queda de 4,21 %... É um movimento de mercado, com o aumento da oferta do etanol e uma fraca demanda", explicou o responsável pelo acompanhamento das cotações do mercado na corretora.

O relatório mais recente da associação que reúne a indústria (Unica) apontou um incremento de quase três vezes na moagem na cana na segunda quinzena de abril ante o início do mês. A produção do etanol somou 1,57 bilhão de litros, ou 188 % maior que em igual período do ano passado, quando o clima afetou o início da moagem.

Outra fonte de grande corretora, que também pediu anonimato, ressaltou que a expectativa é de uma queda nos preços, podendo atingir entre 20 a 30 centavos por litro, o que traria uma melhor competitividade ao biocombustível na bomba na concorrência com a gasolina.


Cai na bomba?

"Agora, é a situação de mercado que vai determinar o quanto o consumidor vai aceitar, o quanto este valor pode recuar na bomba... Pode cair sim, mas não será na mesma proporção que na usina", avaliou esta outra fonte.

O analista da Safras & Mercado Mauricio Muruci também apontou a necessidade de caixa e o aumento da produção como fatores de forte pressão.

"As usinas realizam mais vendas para dar espaço em seus tanques de armazenagem... É uma safra grande", afirmou.

O acompanhamento da Safras aponta queda de cerca de 7 % no valor do hidratado no mês no mercado físico, face ao avanço mais recente da safra, que eleva a oferta, enquanto as distribuidoras agem com cautela em suas operações no mercado físico.

Ele estima que o recuo dos preços do etanol deve chegar às bombas até o início de junho, considerando o prazo de uma a duas semanas entre a venda da usina à distribuidora até a chegada nas revendas.

Desoneração

As novas regras para recolhimento do PIS/Cofins para as usinas foram publicadas na edição do dia 8 de maio do Diário Oficial da União, instituindo o crédito presumido na venda de etanol, o que na prática deve zerar estes tributos. A medida foi anunciada no final de abril.

A redução de tributos tem como meta favorecer a elevação de investimentos, e deve colaborar para que o setor consiga recompor suas margens, afetada nos últimos anos com um aumento de custos.

A avaliação de especialistas é divergente sobre os efeitos da medida nos preços. Alguns acreditam que o efeito da desoneração só deverá ser sentido ao longo do ano. Outros ponderam que é difícil distinguir o que tem maior peso: o avanço da safra, pressionando as cotações no mercado físico, ou desoneração do PIS/Cofins.

O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Alisio Vaz, observou a pequena tendência de queda, acrescentando que a medida do governo também pode ter impacto no mercado.


"Há uma ligeira tendência de queda, mas não dá para dizer se o efeito é de um ou de outro (desoneração ou entrada de safra)... É uma combinação dos dois, são dois efeitos que poderiam levar a uma redução de preços", disse Vaz.

O presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), José Alberto Paiva Gouveia, observou que existe espaço para queda na bomba, em meio à entrada da safra e o cenário de baixa no preço do açúcar, que estimula a produção de etanol. Mas afirmou que a revenda ainda não sentiu possíveis efeitos da desoneração.

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