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Posições divididas em Conferência do Clima de Durban

Países não conseguem chegar a um acordo para um mecanismo de combate ao aquecimento global e negociações continuam

Delegados participam de sessão em Durban: encontra acaba nesta sexta-feira (Alexander Joe/AFP)

Delegados participam de sessão em Durban: encontra acaba nesta sexta-feira (Alexander Joe/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de dezembro de 2011 às 17h53.

Durban, África do Sul - As negociações na conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, em Durban, evidenciaram, esta quarta-feira, a divisão que persiste em torno dos compromissos de redução de emissões e dos recursos que devem ser exigidos de cada país para enfrentar o flagelo do aquecimento global.

Os negociadores têm apenas até a sexta-feira, quando termina a cúpula, para resolver suas divergências sobre os dois grandes temas do encontro: a renovação do Protocolo de Kioto e o lançamento de um multimilionário Fundo Verde Climático, que deve ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar o impacto devastador do aquecimento do planeta.

"Para o Canadá, Kioto pertence ao passado", afirmou esta quarta-feira o ministro canadense do Meio Ambiente, Peter Kent, ao discursar na conferência, na qual confirmou que seu país não pretende assumir um segundo período de compromissos deste tratado internacional.

O Protocolo de Kioto, que continua sendo o único instrumento legal que obriga 36 países a reduzir suas emissões, está no centro das discussões da conferência climática. Este instrumento, criado em 1997 e que entrou em vigor em 2005, expirará em 2012 se não for renovado.

Japão e Rússia também são reticentes quanto a renovar Kioto e denunciam que o pacto não obriga os dois maiores emissores de gases de efeito estufa do planeta: a China, por ser um país em desenvolvimento, e os Estados Unidos, porque nunca o ratificaram.

A União Europeia reiterou estar disposta a salvar Kioto, mas exigiu que os grandes emissores do planeta, inclusive as grandes nações em desenvolvimento, como Brasil, China e Índia, também se comprometam no futuro a ingressar em um tratado legal que os obrigue a reduzir suas emissões.

Os países ricos e os grandes emergentes exigem mutuamente maiores esforços e um passo à frente nesta negociação destinada a evitar um aquecimento global superior a 2ºC neste século. Até agora, os anúncios de cortes de emissões feitos voluntariamente pelos países estão longe de alcançar esta meta.


Brasil, China e México informaram que poderiam aceitar aderir a um acordo vinculante no futuro, a partir de 2020, mas os Estados Unidos questionam estas indicações. O formato deste documento e seus prazos estavam sobre a mesa e sem acordo esta quarta-feira.

Os países em desenvolvimento põem como condição para um acordo em Durban que Kioto seja aprovado e também que a conferência ative o Fundo Verde Climático, destinado a ajudar as nações mais vulneráveis a enfrentar o aquecimento global e que deveria estar efetivo em 2013, alcançando US$ 100 bilhões ao ano em 2020.

São os países mais pobres que sofrem os efeitos devastadores do aquecimento.

"O que estamos falando aqui se reduz a quantos milhares de pessoas morrem (em eventos climáticos extremos como as recentes tempestades na América Central), a quanto o povo vulnerável sofre mais. Não penso que isto esteja sendo levado em conta nesta conferência", resumiu o chefe da delegação da Guatemala, Luis Alberto Ferraté.

Em meio à grave crise que afeta Europa e Estados Unidos, o fundo encontra problemas para se financiar e desobstruir os recursos de que necessita.

O presidente mexicano, Felipe Calderón, pediu esta quarta-feira a mediação do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para reverter as objeções dos Estados Unidos e da Arábia Saudita à efetivação deste Fundo Verde, em mensagem de vídeo enviada a um evento à margem das negociações.

"Neste momento precisamos de avanços, não de obstáculos", lamentou o assessor de políticas da Organização Oxfam, David Waskow. Esta organização denunciou "a ação dos Estados Unidos colocando obstáculos no caminho de qualquer discussão sobre fontes de financiamento".

"Não nos enganemos, não nos restam muitas horas" para chegarmos a um acordo, advertiu a comissária europeia do Clima, Connie Hedegaard.

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