Segundo organizadores, cerca de 130.000 funcionários públicos e trabalhadores do setor privado saíram às ruas de Lisboa (Patricia de Melo Moreira / AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2011 às 18h41.
Lisboa - Milhares de pessoas protestaram neste sábado à tarde em Lisboa e Oporto contra as medidas de austeridade do governo, que enfrenta a primeira grande manifestação nacional desde que tomou suas funções em junho.
Segundo os organizadores, cerca de 130.000 funcionários públicos e trabalhadores do setor privado saíram às ruas de Lisboa, e mais de 50.000 em Oporto (norte), seguindo a convocação da CGTP, a maior central sindical do país.
A polícia portuguesa tem por regra não comunicar suas estimativas, mas segundo a imprensa local, as cifras de participação nos protestos eram altas.
"É hora de mudar o rumo", disse Manuel Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP, em discurso feito ao final do protesto em Lisboa.
"A democracia está sendo fortemente afetada (...). É necessário um projeto político alternativo", completou.
Carvalho da Silva anunciou também "uma semana de ações" para continuar a luta contra "o empobrecimento e as injustiças". Várias greves estão previstas de 20 a 27 de outubro.
"O programa do governo é um ataque frontal aos direitos dos assalariados", explicou à AFP Rafael Louro, um funcionário do Ministério das Finanças, lembrando o projeto de reduzir o seguro-desemprego de 30 para 20 dias de salário por ano trabalhado.
Depois de Grécia e Irlanda, Portugal foi o terceiro país da Zona Euro a fechar com a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) um plano de resgate, em troca de aplicar um rigoroso programa de austeridade fiscal para redução de seu déficit público e para realançar sua competitividade econômica.
Para alcançar esses objetivos, o governo conservador de Pedro Passos Coelho, vencedor das eleições de junho, colocou em andamento uma série de medidas: taxa extraordinária sobre a renda, vários aumentos de impostos, redução das ajudas sociais, privatizações, e a manutenção do congelamento de salários e das contratações de funcionários públicos.