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Portugal recompõe aliança conservadora para resolver crise

Os dois partidos conservadores portugueses negociam recomposição urgente de aliança de governo após renúncias


	O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho: chanceler afirma confiar em acordo para manter maioria parlamentar que sustenta governo e aprova medidas do resgate financeiro luso
 (Georges Gobet/AFP)

O primeiro-ministro de Portugal, Pedro Passos Coelho: chanceler afirma confiar em acordo para manter maioria parlamentar que sustenta governo e aprova medidas do resgate financeiro luso (Georges Gobet/AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de julho de 2013 às 09h31.

Lisboa - Os dois partidos conservadores de Portugal negociam a recomposição urgente de sua aliança de governo após a jornada negra para a Bolsa de Lisboa e a dívida lusa causada pela surpreendente saída do Executivo do líder dos democratas-cristãos, Paulo Portas.

O próprio demissionário abriu ontem à noite as conversas para encontrar uma "solução" que garanta governabilidade do país com a presença de seu partido no Executivo de Pedro Passos Coelho. Os outros dois ministros democratas-cristãos continuaram no governo.

O primeiro-ministro Passos Coelho disse ontem que confia em um acordo para manter a maioria parlamentar que sustenta o governo e que aprova, além disso, as duras medidas do resgate financeiro luso.

A crise ministerial do Executivo conservador, que acaba de cumprir dois anos de mandato, atingiu em cheio ontem os mercados europeus, ao fazer a Bolsa de Lisboa cair 5,3% e disparar até 8% os juros da dívida pública lusa a dez anos.

Já a oposição de esquerda aumentou suas exigências para a realização de eleições antecipadas, que segundo as últimas pesquisas seriam um desastre para os conservadores.

As pesquisas de opinião mostram há meses um grande desgaste do governo pelas medidas do resgate e indicam a volta ao poder do Partido Socialista e um crescimento das três forças marxistas minoritárias no Parlamento luso.

A principal delas, o Partido Comunista, convocou os cidadãos a se manifestarem contra Passos Coelho e reuniu ontem cerca de mil pessoas no centro de Lisboa.


O maior sindicato luso (CGTP), da mesma linha política, convocou outro protesto para sábado diante da residência do chefe de Estado, o também conservador Aníbal Cavaco Silva, para exigir que o governante dissolva o Parlamento.

Cavaco se reunirá hoje com o primeiro-ministro no segundo de seus contatos políticos sobre a crise de governo. Ontem, o presidente conversou com o líder da oposição, o socialista Antonio José Seguro, que na saída da audiência insistiu em reivindicar eleições antecipadas.

Mas as conversas entre o Centro Democrático Social Partido Popular (CDS-PP), liderado por Portas, e o Partido Social Democrata (PSD), de Passos Coelho, apontam para uma saída negociada da crise.

A surpreendente renúncia de Portas do Ministério das Relações Exteriores e a reação que causou nos mercados atingiu de surpresa os próprios dirigentes de seu partido.

O demissionário não fez nenhuma aparição pública e após várias horas de reunião da cúpula do partido outro de seus dirigentes, Luís Queiró, anunciou em tom conciliador a vontade de se buscar uma solução "viável" de governo.

Portas renunciou porque Passos Coelho substituiu sem consultá-lo o ministro das Finanças, Vitor Gaspar, que renunciou um dia antes, entre outras razões, pelas manobras do líder democrata-cristão contra algumas de suas medidas de austeridade.

Passos Coelho assegurou na segunda-feira ao país que fará todo o possível para proteger a estabilidade do governo e cumprir o programa do resgate financeiro concedido há dois anos pela União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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