Amado: "Estamos perdendo regimes que, apesar de tudo, eram favoráveis estrategicamente a nossos interesses" (Helene C. StikkelWikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 21h57.
Lisboa - O ministro português das Relações Exteriores, Luis Amado, recebeu nesta quarta-feira um emissário líbio, a pedido dele, e em concordância com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, confirmou um assessor.
"Luis Amado manteve um encontro informal num hotel de Lisboa com o emissário líbio, para ser informado sobre a situação no país", informou o gabinete do ministro, em nota enviada à AFP.
Portugal é sede desde 1º de janeiro do Conselho de Segurança da ONU, enquanto membro não permanente. O país também foi confirmado na terça-feira para a presidência de um comitê de sanções contra a Líbia, lembrou o governo português.
O encontro, com o emissário do regime líbio - o vice-ministro das Relações Exteriores Mohammed Taher Siyala, acontece na véspera de uma reunião sobre a Líbia, em Bruxelas, dos chanceleres europeus e de uma outra, dos países integrantes da Otan.
Na sexta-feira, uma cúpula extraordinária de chefes de Estado e de governo da União Europeia também abordará a situação na Líbia.
Antes de se dirigir a Portugal, Taher Siyala, encarregado da cooperação internacional, fez escala em Malta para explicar ao primeiro-ministro da pequena ilha "a posição do governo líbio".
Desde sua chegada ao poder, em 2005, o governo português do primeiro-ministro José Sócrates pôs em prática uma política de aproximação econômica com vários países do Maghreb, entre eles a Líbia.
Como parte desta "diplomacia econômica", as trocas comerciais entre os dois países intensificaram. As exportações portuguesas para a Líbia aumentaram 70% entre 2006 e 2010, segundo estatísticas oficiais.
José Sócrates, que em outubro de 2005 havia qualificado Kadhafi de "líder carismático", visitou a Líbia quatro vezes. Sua última viagem remonta a setembro passado, durante a qual participou das celebrações do 41º aniversário da revolução líbia.
O chefe do governo português, além disso, recebeu Kadhafi em Lisboa, em dezembro de 2007, durante uma cúpula entre a União Europeia e a África.
Segundo Sócrates, os países du Maghreb "nos interessam muito do ponto de vista estratégico, independentemente de seus dirigentes", havia afirmado, condenando a repressão à insurreição líbia.
Outros emissários do governo líbio "estariam a caminho de Bruxelas", confirmou, por sua vez, em Roma, o chefe da diplomacia italiana, Franco Frattini, após o término de uma sessão da Câmara dos Deputados.
"Dois aviões do regime líbio deixaram, aparentemente, a Líbia em direção à Bruxelas com emissários de Kadhafi a bordo, com a intenção de se encontrar com representantes da UE e da Otan amanhã (quinta-feira) e depois de amanhã", informou Frattini.
Um avião com um alto dirigente líbio, Abdelrahman al-Zawi, membro do círculo íntimo do líder Muamar Kadhafi, aterrissou no Cairo nesta quarta-feira, informaram fontes do aeroporto.
O general Zawi é responsável por questões de logística e abastecimento. Segundo uma fonte da Força Aérea grega, o piloto do Falcon 900 da Libyan Airlines chegou a negar que houvesse autoridades entre os passageiros.
"O piloto registrou um plano de voo de Trípoli para o Cairo", indicou a fonte. "A aeronave passou pelo sudoeste da ilha de Creta", antes de aterrissar no Cairo".
De acordo com o gabinete do primeiro-ministro grego George Papandreou, Muamar Kadhafi telefonou para ele na terça-feira.