Mundo

Portugal lembra Revolução dos Cravos em meio a protestos

Milhares de pessoas percorreram a principal avenida da capital portuguesa com cravos vermelhos na mão e gritando palavras de ordem

''Associação 25 de Abril'', criada para defender a memória da data histórica e propagar a democracia, faltou às homenagens oficiais (Wikimedia Commons)

''Associação 25 de Abril'', criada para defender a memória da data histórica e propagar a democracia, faltou às homenagens oficiais (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 25 de abril de 2012 às 21h32.

Lisboa - A Revolução dos Cravos, que marcou o início da democracia portuguesa em 25 de abril de 1974, foi lembrada no país nesta quarta-feira em atos oficiais marcados por ausências e protestos nas ruas contra os ajustes do governo.

O chefe do Estado português, Aníbal Cavaco Silva, presidiu a cerimônia realizada no Parlamento e pediu para os portugueses reconquistarem a imagem do país no estrangeiro. ''Nesta data, meu discurso tem um objetivo preciso e uma razão prática: estimular os portugueses a corrigir a falta de informação ou até a desinformação que existe no estrangeiro sobre o nosso país'', assinalou.

Além disso, Silva defendeu que a paz e a coesão social são decisivas para a recuperação de Portugal, que atravessa a pior crise econômica desde o começo da democracia. No entanto, a mensagem do presidente foi ofuscada pelas poltronas vazias no Parlamento, inclusive dos militares que protagonizaram a Revolução há 38 anos.

Pela primeira vez, a ''Associação 25 de Abril'', criada para defender a memória da data histórica e propagar a democracia faltou às homenagens oficiais. A organização justificou a ausência com os cortes realizados pelo Executivo português, que, de acordo com eles, vão de encontro aos ideais defendidos na revolução que terminou com o regime ditatorial de António Salazar.

Históricos líderes socialistas, como o ex-primeiro-ministro e ex-chefe de Estado, Mário Soares, e o último candidato as eleições presidenciais, Manuel Alegre, também não participaram dos atos do governo em rejeição ao programa de ajustes.

Enquanto isso, sob um céu nublado e com chuva intermitente, milhares de pessoas percorreram a principal avenida da capital portuguesa com cravos vermelhos na mão e gritando palavras de ordem como ''O povo unido jamais será vencido''.

O presidente da ''Associação 25 de Abril'', o coronel Basco Lourenco, liderou a manifestação junto a um caminhão de combate, emblema da revolução, e criticou o governo durante seu discurso final. ''O poder não é do eleito, mas do que elege, e por isso o eleito não pode se vender ao poder econômico e financeiro'', disse. A seu lado, estavam dirigentes políticos e líderes sindicais como o secretário-geral da Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP), Armênio Carlos.

O socialista Alegre, por sua vez, disse aos jornalistas que preferiu sair à rua porque o estado do bem-estar conquistado em 1974 ''está em interdição''. Já o dirigente do Bloco de Esquerda, Francisco Louca, rejeitou o discurso do presidente português por esquecer ''os sacrifícios'' do povo português nesta crise. 

Acompanhe tudo sobre:DemocraciaEuropaHistóriaPiigsPolítica no BrasilPortugalProtestos

Mais de Mundo

Itamaraty alerta para a possibilidade de deportação em massa às vésperas da posse de Trump

Invasão de apoiadores de presidente detido por decretar lei marcial deixa tribunal destruído em Seul

Trump terá desafios para cortar gastos mesmo com maioria no Congresso

Milei chama Bolsonaro de amigo e lamenta ausência em evento de posse de Trump