Presidente diz que Portugal deve assumir responsabilidade pelos crimes cometidos no passado (Hugo Correia / Reuters)
Repórter colaborador
Publicado em 24 de abril de 2024 às 08h29.
Última atualização em 24 de abril de 2024 às 10h56.
O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse nesta terça-feira que Portugal foi responsável por crimes durante o período colonial e tráfico de escravos e sugeriu que o país fizesse "reparações" por isso.
Segundo a Reuters, por mais de quatro séculos, ao menos 12,5 milhões de africanos foram capturados e forçados a viajarem longas distâncias em navios europeus para serem vendidos como escravos. Aqueles que sobrevivessem às péssimas condições da viagem iam trabalhar nas Américas, especialmente no Brasil e no Caribe.
Portugal foi responsável traficar quase seis milhões de africanos, mais do que qualquer país na Europa, mas até agora falhou em enfrentar esse passado sombrio. Pouco desse período é ensinado nas escolas locaisPor outro lado, a era colonial de Portugal, quando dominava países como Angola, Brasil, Moçambique, Cabo Verde, Timor Leste e partes da Índia, é lembrada como motivo de orgulho.
Rebelo disse, em evento com correspondentes estrangeiros, que Portugal deve "assumir a responsabilidade" total pelos crimes cometidos no passado, inclusive massacres. "Temos que pagar por isso. Essas ações não foram punidas e os responsáveis não foram presos? Precisamos ver como podemos arrumar isso", falou.
A ideia de reparações históricas e pagar compensações financeiras pela escravidão estão ganhando corpo pelo mundo, incluindo esforços para se criar um tribunal especial para tratar do assunto.
Ativistas acreditam que reparações financeiras e políticas públicas para combater as desigualdades causas pela política colonialista de Portugal são essenciais para combater o racismo sistêmico.
"Pedir desculpas é a parte mais fácil", disse o presidente português.