Destroços do avião no local do acidente: jornal francês "Le Monde" assegura hoje em sua versão digital que o piloto ficou trancado para fora (AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de março de 2015 às 09h49.
Madri - A porta de acesso à cabine dos pilotos de um avião pode ser aberta pelo lado de fora, inclusive quando não há ninguém em seu interior, a não ser que desde dentro a abertura seja bloqueada, explicou nesta quinta-feira à Agência Efe o secretário do sindicato espanhol de pilotos Sepla, perito e investigador de acidentes, Álvaro Gammicchia.
A causa mais habitual pela qual um piloto pode deixar a cabine é por necessidades fisiológicas, embora também possa se ausentar para comprovar questões mecânicas, como as asas ou o estado dos motores, assegurou.
Segundo publicou o "The New York Times", um dos pilotos do avião que caiu na terça-feira na França com 150 pessoas a bordo saiu da cabine e não conseguiu voltar.
Uma fonte militar, não identificada pelo jornal, que participa da investigação da tragédia, disse que segundo as gravações de áudio conhecidas, um dos pilotos do avião da Germanwings tinha saído da cabine e quando retornou, não conseguiu voltar a entrar no local de comando da aeronae porque "não houve uma resposta".
O jornal francês "Le Monde" assegura hoje em sua versão digital que o piloto ficou trancado para fora.
Segundo Gammicchia, existe um protocolo que contempla que, em todo caso, é possível entrar na cabine desde fora, inclusive se as pessoas que permanecem do lado de dentro não tiverem capacidade de abrir a porta, como por exemplo, por ter sofrido um problema de saúde.
Desde a decolagem da aeronave e por questões de segurança, a cabine deve permanecer sempre fechada e existe um protocolo reservado que contempla todas as opções possíveis para poder abrí-la baseada em códigos que só são conhecidos por membros da tripulação.
Para solicitar um acesso "normal" à cabine, a tripulação estabelece um código específico que na cabine se traduz em um aviso acústico que soa uma só vez.
Neste caso e através de câmeras situadas no exterior da cabine, os pilotos podem comprovar que não se trata de ninguém alheio à tripulação antes de abrir a porta.
Desde fora, a tripulação também pode se comunicar com o interior da cabine através de um "telefone" para avisar, através de chaves que só eles conhecem, se estão solicitando entrar sob coações.
Em caso de emergência, no painel de acesso à cabine será digitado um código diferente que não deixará de soar e que, transcorrido um tempo, fará com que a porta se abra automaticamente, salvo que desde dentro isso seja impedido, afirmou Gammicchia.
O investigador lamentou a informação divulgada pelo "The New York Times" e apontou que as filtragens deste tipo só servem para gerar dúvidas e especulações.