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Por trás do Panama Papers, o grupo de jornalistas ICIJ

Em termos de volume, "os 'Panama Papers' são provavelmente a maior filtração de informação confidencial da história", segundo a ICIJ


	ICIJ: em termos de volume, "os 'Panama Papers' são provavelmente a maior filtração de informação confidencial da história", segundo o Consórcio
 (Jim Watson / AFP)

ICIJ: em termos de volume, "os 'Panama Papers' são provavelmente a maior filtração de informação confidencial da história", segundo o Consórcio (Jim Watson / AFP)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2016 às 14h41.

O Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, na sigla em inglês) é um grupo de 190 jornalistas que em mais de 65 países busca desenterrar delitos internacionais, corrupção e abuso de poder.

Essa semana o ICIJ compartilhou 11,5 milhões de documentos compilados entre mais de uma centena de jornais que expõem negócios secretos transfronteiriços (offshore) realizados por poderosos líderes mundiais e celebridades do esporte e do show business.

Em termos de volume, "os 'Panama Papers' são provavelmente a maior filtração de informação confidencial da história", segundo a ICIJ.

Os documentos, que envolvem cerca de 214.000 empresas offshore, proveem da firma jurídica Mossack Fonseca, com sede no Panamá e escritórios em mais de 35 países.

Estão implicadas no escândalo pelo menos 140 pessoas relacionadas com personalidades mundiais, desde assistentes do presidente russo Vladimir Putin a familiares do chefe de Estado chinês Xi Jinping, celebridades do esporte e estrelas de cinema.

Fundado em 1997 pelo jornalista americano Chuck Lewis e com sede discreta em Washington, o ICIJ é uma organização sem fins lucrativos, com uma reduzida rede de colaboradores, financiada por fundações e doações privadas, segundo sua página na Internet, icij.org.

O ICIJ é atualmente dirigido pelo jornalista australiano Gerard Ryle, que emigrou para os Estados Unidos em 2011 após receber 2,5 milhões de arquivos digitais, um tesouro que derivou em dados sobre 120.000 empresas domiciliadas em paraísos fiscais, envolvendo aproximadamente 130.000 pessoas.

Seguindo o modelo do WikiLeaks, o site que ganhou fama internacional publicando milhões de informações diplomáticas filtradas, o ICIJ se baseou em respeitados meios de imprensa internacional, como Le Monde, The South China Morning Post, BBC, Washington Post, Folha de São Paulo e o Sueddeutsche Zeitung para classificar a informação.

"A globalização e o desenvolvimento impõem uma extraordinária pressão sobre as sociedades humanas, que implicam ameaças sem precedentes por parte das indústrias poluentes, redes transnacionais do crime, Estados-pária e ações de poderosas figuras nos negócios e no governo", adverte o ICIJ em seu site.

Suas equipes conseguiram expor operações de "contrabando por parte de companhias multinacionais de cigarro e grupos do crime organizado, investigaram associações militares privadas, companhias (que trabalham com) amianto e lobistas de mudanças climáticas, inovando com a publicação de detalhes sobre contratos para a guerra no Iraque e no Afeganistão", acrescenta.

Em abril de 2013, o ICIJ disponibilizou na internet um guia "who's who" de indivíduos e entidades que ocultavam seu dinheiro em paraísos fiscais, descrevendo a notícia como "provavelmente a maior colaboração jornalística internacional da história" até esse momento.

"Offshore leaks" expôs a identidade de milhares de titulares de contas em paraísos fiscais. Entre eles estava a família do presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev; o tesoureiro da campanha eleitoral de 2012 de François Hollande, Jean-Jacques Augier, e a esposa de Igor Shuvalov, um homem de negócios próximo ao presidente russo, Vladimir Putin.

Em janeiro de 2014, o ICIJ revelou outra notícia, com revelações de que a elite chinesa também estava depositando seu dinheiro em contas em paraísos fiscais.

Em novembro de 2014, o consórcio revelou o "LuxLeaks", filtrando documentos que mostravam que centenas das maiores empresas so mundo, incluindo AIG, Amazon, Apple, IKEA, Pepsi e Verizon haviam fechado um acordo com Luxemburgo para evadir bilhões de dólares em impostos.

Finalmente, em fevereiro de 2015, o ICIJ tornou público o "SwissLeaks", revelando um esquema que teria beneficiado clientes da sucursal suíça do gigante bancário HSBC para evadir impostos em contas por 119 bilhões de dólares.

O procedimento foi revelado com base em arquivos roubados em 2007 por um funcionário, que continham informação sobre mais de 100.000 clientes.

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