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Por que Zelensky foi na posse de Javier Milei, segundo seu biógrafo

Líder ucraniano fez de aproximação com a América Latina uma meta pessoal, diz Simon Shuster à EXAME

Os presidentes Volodimir Zelensky e Javier Milei, durante viagem do ucraniano a Buenos Aires, em dezembro (Volodimir Zelensky no X)

Os presidentes Volodimir Zelensky e Javier Milei, durante viagem do ucraniano a Buenos Aires, em dezembro (Volodimir Zelensky no X)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 7 de fevereiro de 2024 às 14h28.

Última atualização em 7 de fevereiro de 2024 às 15h46.

Em dezembro, o presidente da Ucrânia, Volodomir Zelensky, fez uma viagem incomum: foi até a Argentina para a posse de Javier Milei. Foi a primeira vez que o mandatário ucraniano esteve na região, e ele fez a viagem enquanto seu país enfrenta uma guerra com a Rússia.

"A viagem para a Argentina foi realmente histórica e mostra o quão sério Zelensky considera as relações com a América Latina. Ele está mais focado em manter o apoio dos EUA e da Europa, mas também entende que para vencer a guerra, ele precisa desafiar a Rússia de modo mais amplo na arena internacional", disse à EXAME Simon Shuster, autor de "O Showman" (ed. Record), biografia do presidente ucraniano que chega ao Brasil no fim de fevereiro.

"A aproximação com a América Latina é superimportante. Tem sido interessante observar, dentro do escritório do presidente, como eles lidaram com essa questão. Muito no começo da invasão, eles perceberam a importância de ter um apoio majoritário muito forte na ONU e em sua Assembleia Geral", prossegue Shuster.

Em seu livro, o jornalista da revista "Time" conta como foi o primeiro ano da guerra da Ucrânia com a Rússia, a partir do ponto de vista do governo de Zelensky. Shuster teve acesso direto presidente e seus auxiliares durante meses e fez dezenas de entrevistas para reconstituir momentos-chave, como o dia da invasão russa que deu início à guerra total entre os dois países.

Simon Shuster, autor de "O Showman" (Debora Mittelstaedt/Divulgação)

"Eu lembro, neste período de início da invasão, que o escritório do presidente estava analisando sua força diplomática no chamado sul global, que inclui a América Latina, África, partes da Ásia e do Oriente Médio. Em muitos desses países a Ucrânia não tinha embaixadas, não tinha realmente uma presença diplomática. A Rússia era diplomaticamente muito mais forte nesses países", conta.

"Isso era muito frustrante para o gabinete do presidente, e eles começaram rapidamente a tentar construir algum tipo de presença e poder diplomático nesses países. É um grande desafio. Eles não tinham equipes nem recursos para fazer isso. Mas Zelensky fez disso uma de suas metas pessoais como presidente: alcançar o máximo que pudesse os líderes da América Latina", prossegue Shuster.

Zelensky teve uma reunião com Lula em setembro de 2022, em Nova York, em paralelo à Assembleia-Geral da ONU. Em suas redes sociais, o líder ucraniano disse que o encontro teve uma "discussão franca e construtiva". Meses antes, em maio, os dois tentaram se encontrar durante a Cúpula do G7, no Japão, mas o ucraniano não teria comparecido na hora marcada, segundo o governo brasileiro.

Em agosto, Zelensky fez críticas a Lula. “Para ser sincero, se o presidente Lula quiser me dizer algo, que se sente comigo e me diga. Assim, vamos acabar com isso. Pensei que ele tinha uma compreensão maior do mundo. Acredito que é muito importante ver o mundo como um todo”, disse, em entrevista à agência Efe.

Leia a entrevista completa de Shuster na próxima edição da revista EXAME.

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