Bicicleta chegou 5 minutos à frente da motocicleta, que ficou em 2º lugar (FERNANDO MORAES)
Vanessa Barbosa
Publicado em 29 de março de 2012 às 13h12.
São Paulo – Mais uma vez o coração financeiro e cartão-postal de São Paulo foi marcado por uma fatalidade que poderia ter sido evitada. A morte de uma ciclista na Avenida Paulista na manhã desta sexta corrobora o óbvio: faltam opções de rotas exclusivas para os adeptos desse meio de transporte sustentável e que permitam a integração com outros modais, como metrô e trem.
Não à toa, entre as principais capitais brasileiras, São Paulo é a que apresenta a pior estrutura cicloviária, segundo um estudo sobre mobilidade sustentável realizado em outubro passado pelo portal Mobilize Brasil. Das 9 capitais avaliadas, a cidade ficou na lanterninha do ranking que relaciona a extensão das vias adequadas ao trânsito das magrelas em relação à extensão do sistema viário.
Com base em dados da CET, o estudo calculou que a malha cicloviária paulistana está na proporção de 0,21% quando comparada a malha viária. Hoje a cidade possui 35,7 km de ciclovias e 45 km de ciclofaixas de lazer. Bem abaixo do Rio de Janeiro, o primeiro colocado na lista, com 240 km de ciclovias.
O estudo destaca que o uso de bicicletas para deslocamentos diários tem grande potencial nas cidades brasileiras, por não produzir danos ambientais e ser relativamente barato de manter. Mas ressalva a necessidade investir em ciclovias e ciclofaixas (vias compartilhadas) permanentes. “A provisão de infraestruturas adequadas consiste em uma das principais formas de incentivo ao uso de meios de transporte não motorizados”, diz um trecho.
O oposto de um paraíso
O desempenho desanimador de São Paulo quando o assunto é infraestrutura cicloviária ganha proporções desoladoras - e um tanto quanto vergonhosas – quando comparado aos paraísos dos ciclistas ao redor do mundo. Enquanto a capital paulista, com seus 1530 km², tem apenas 35,7 km de ciclovias, Amsterdã, na Holanda serve de inspiração para o desenvolvimento de políticas de mobilidade verde. Eleita a melhor cidade do mundo para andar de bicicleta, a capital holandesa, com menos de um terço do tamanho de SP, tem nada mais nada menos do que 400 km de pistas exclusivas para os amantes das bikes – quase 12 vezes mais.