Redação Exame
Publicado em 7 de maio de 2024 às 14h56.
A operação militar de Israel em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, que abriga mais de um milhão refugiados palestinos, preocupa países da região e aliados. Tel Aviv diz que o local seria último bastião do Hamas.
Israel diz já ter o controle da passagem de Rafah na fronteira com o Egito. A situação preocupa, já que acredita-se que 1,4 milhão de palestinos deslocados estejam em Rafah vivendo em condições dramáticas.
Isso acontece depois do Hamas declarar que aceitou as condições do cessar-fogo proposto por Egito e Qatar.
Segundo a Deutsche Welle, Israel calcula que quatro brigadas do Hamas, remanescentes das 24 que existiam, estejam escondidas em Rafah. Para Israel, eliminar essas últimas unidades do grupo é o passo decisivo para destruir a organização.
Ainda que não tenha sido derrotado militarmente, o Hamas perdeu bastante seu poder de resistência desde que o último confronto com Israel começou - em outubro do ano passado.À DW, Michael Milshtein, ex-membro da inteligência militar israelense e atual pesquisador do Centro Moshe Dayan na Universidade de Tel Aviv, falou que Israel teria destruído entre 70% e 80% do arsenal do Hamas até o mês de abril.
A ofensiva israelense em Rafah vinha sendo discutida desde o início de fevereiro. Aliados como os EUA alertaram várias vezes para que Tel Aviv evitasse realizar uma operação militar numa região densamente povoada.
Na manhã desta segunda-feira, cerca de 100 mil moradores de áreas ao leste de Rafah receberam mensagens e folhetos distribuídos pelas Forças de Defesa de Israel pedindo que se dirigissem a uma "zona humanitária ampliada" em Al-Mawasi. "Qualquer pessoa que permanecer nos locais colocará em risco a si mesmo e aos membros de sua família. Para sua segurança, retire-se imediatamente para a zona humanitária ampliada em Al-Mawasi", diziam os panfletos.
Al-Mawasi é uma área próxima ao litoral de Gaza a cerca de 20 quilômetros ao norte de Rafah.
Segundo reportagem publicada pelo The Wall Street Journal, Israel planeja realizar a ofensiva por terra em etapas, sendo que a evacuação levaria entre duas e três semanas.
Segundo a ONU, dos quase 2,3 milhões de habitantes da Faixa de Gaza, mais de 1,4 milhão encontraram refúgio em Rafah, hoje a cidade mais populosa do enclave.
Os campos de refugiados no entorno da cidade estão superlotados, há escassez de alimentos, água potável e medicamentos. No sul de Gaza, quase um quarto da população está em situação alimentar catastrófica.O Hamas alertou para "graves consequências" no caso de uma ação militar israelense em Rafah. A Casa Branca ainda espera uma solução pacífica para a situação. Segundo relatos na imprensa americana, William Burns, diretor da CIA, estaria trabalhando por um acordo.