Calota de gelo de Quelccaya, nos Andes peruanos: o Peru quer se tornar uma referência internacional, assim como ocorreu com o México, que sediou a COP 16 em 2010 (Edubucher/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 19 de novembro de 2013 às 17h12.
A próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP 20) será em Lima, no Peru, em novembro de 2014.
Será mais perto, mais quente e, quem sabe, mais decisiva que esta COP 19 em Varsóvia, já que a COP 20 ocorrerá às vésperas do novo acordo climático global a ser firmado em 2015, em Paris, com novas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa para todos os países. Em teoria, será um acordo decisivo para tentar conter a elevação da temperatura da superfície terrestre em 2 graus Celsius.
“Apresentamos nossa candidatura porque acreditamos que temos algo a mostrar”, disse Gabriel Quijandría, vice-ministro peruano de Desenvolvimento Estratégico para Recursos Naturais. Esse algo a mostrar, explicou, é a performance de um país que cresceu nos últimos 15 anos, procurando incorporar responsabilidade social e ambiental.
A ambição, porém é maior. O Peru quer se tornar uma referência internacional, assim como ocorreu com o México, que sediou a COP 16 em Cancún, em 2010. Ao mesmo tempo, quer unir os vizinhos. “Não será uma COP ‘peruana’, será uma COP da América Latina. A Região terá uma voz mais forte”, disse Quijandría.
VAI FALTAR ÁGUA?
Quijandría foi um dos debatedores de uma série de conferências sobre negócios e mudanças climáticas realizadas no domingo, 17/11, em Varsóvia, promovida pelo WBCSD (Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável). Ele conversou com o Planeta Sustentável sobre sua participação no painel sobre a situação do clima no mundo.
Garantir acesso à água é uma grande preocupação para o Peru, explicou. A principal fonte desse recurso natural está nas geleiras localizadas no alto das montanhas. Apenas 2% da água resultante do derretimento do gelo corre para o lado do Pacífico, onde vivem 60% da população do país e onde não há chuvas em quantidade suficiente. Quase todo o restante vai para o outro lado, em direção ã Amazônia, onde vivem 10% dos habitantes.
No entanto, o Peru perdeu 40% de suas geleiras, quando comparado com fotos aéreas da década de 1950, afirmou o vice-ministro.
Entre outras iniciativas para enfrentar o risco de escassez de água, o governo peruano está conversando com o setor de mineração. Além de ter sido o motor do crescimento do país nos últimos dez anos, as atividades de extração de minérios, como ouro e cobre, ocorrem justamente próximo às fontes de água, e são um grande consumidor desse recurso.
“Queremos convencer o setor de que eles precisam fazer algo para garantir esse recurso, para os negócios e para a comunidade”, disse Quijandría. Ele contou, ainda, que as mineradoras precisam de um projeto para lidar com as mudanças climáticas não como uma agenda de responsabilidade social, mas ligando-a à rentabilidade dos negócios.
A realização de uma COP em Lima pode levar a avanços nesse desafio, acredita o vice-ministro. “O México conseguiu aprovar leis relativas ao clima três anos após Cancún. Acreditamos que, com um empurrão da COP, outras áreas do governo peruano ficarão mais sensibilizados e mais ousados em seus compromissos no enfrentamento da mudanças climáticas“.