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Por que a cebolinha virou símbolo da oposição nas eleições da Coreia do Sul?

Presidente Yoon Suk Yeol virou meme após comentar o preço da hortaliça em um supermercado

O presidente Yoon Suk Yeol, ao centro, ao visitar um supermercado e checar o preço das cebolinhas, em Seul (Yonhap/AFP)

O presidente Yoon Suk Yeol, ao centro, ao visitar um supermercado e checar o preço das cebolinhas, em Seul (Yonhap/AFP)

Publicado em 9 de abril de 2024 às 15h05.

A Coreia do Sul realiza eleições legislativas na quarta-feira (10), um pleito considerado crucial para que o presidente Yoon Suk Yeol consiga prosseguir com sua agenda conservadora.

Yoon enfrenta uma insatisfação popular com a inflação, superior a 3%, e as críticas a sua gestão da economia, que segundo as pesquisas do instituto Gallup, são uma das principais razões de repúdio ao governo.

O presidente visitou recentemente um mercado para observar em primeira mão os preços. Ao se aproximar de uma área com cebola verde, ou cebolinha, comentou: "Já fui a muitos mercados e acho que 875 won ( 3,37 reais) é um preço razoável".

O preço normal do produto, no entanto, é três ou quatro vezes superior a este valor. A imprensa sul-coreana informou que o estabelecimento comercial visitado havia reduzido o preço antes da visita de Yoon.

O comentário do presidente rapidamente virou objeto de piadas e memes. Além disso, a hortaliça virou um símbolo da oposição, a ponto de a Comissão Nacional Eleitoral proibir que os eleitores a apresentem nos locais de votação.

O ex-deputado Yoo Seung-min declarou em uma entrevista recente que os sul-coreanos votaram em Yoon com a esperança de uma recuperação econômica, mas ficaram decepcionados. "A declaração equivocada de Yoon sobre a cebolinha adicionou fogo a este sentimento", disse.

Avanço de agenda conservadora

Na votação desta quarta, o Partido Poder Popular, do presidente, espera recuperar o controle do Legislativo, que está nas mãos da oposição desde 2016, o que permitiria promover sua agenda, que inclui a reforma do sistema de saúde, uma política severa com a Coreia do Norte e a promessa de acabar com o Ministério da Igualdade de Gênero.

Mas um triunfo da oposição, como apontam as pesquisas, pode enfraquecer a posição de Yoon, que tem índices reduzidos de aprovação, até o fim de seu mandato em 2027.

"Se o Partido Poder Popular continuar como a minoria depois da eleição (...) a cooperação com a Assembleia Nacional será muito difícil", opina Kang Joo-hyun, professora de Ciências Políticas e Relações Internacionais da Universidade Sookmyung.

Ela destacou que a votação na metade do mandato de Yoon será uma oportunidade para avaliar o governo, assim como a oposição.

Mas a população sul-coreana discute outros temas antes das eleições, incluindo uma greve dos médicos e uma bolsa Dior.

O sistema de saúde sul-coreano enfrenta desde 20 de fevereiro uma greve de médicos, o que obrigou os hospitais a cancelarem cirurgias e tratamentos. Os médicos rejeitam as reformas de Yoon, que aumentarão consideravelmente as admissões nas faculdades de Medicina para reduzir a escassez de profissionais do setor.

A reforma de Yoon tem amplo apoio popular e "poderia ajudar o seu partido na votação", afirmou Shin Yul, professor de Ciências Políticas da Universidade Myongji.

Ao mesmo tempo, Yoon enfrenta uma dor de cabeça devido a um escândalo provocado por imagens registradas por câmeras escondidas que mostram a primeira-dama, Kim Keon Hee, recebendo uma bolsa de luxo Dior avaliada em 2.200 dólares (11.000 reais).

O presente viola as leis sul-coreanas que proíbem os funcionários públicos e seus cônjuges de receber qualquer objeto de valor superior a US$ 750 (R$ 3.770). Yoon chamou o vídeo de "armação política" e afirmou que sua esposa só aceitou a bolsa porque era difícil recusá-la.

Com AFP.

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