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Por que 800 mil poloneses-americanos na Pensilvânia podem ser decisivos para a eleição dos EUA

Kamala Harris citou a Polônia durante debate contra Donald Trump

Kamala Harris, durante debate na terça, 10 (Saul Loeb/AFP)

Kamala Harris, durante debate na terça, 10 (Saul Loeb/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 12 de setembro de 2024 às 11h45.

No debate de terça-feira, Kamala Harris falou sobre a Polônia, para provocar Donald Trump, e citou um dado curioso: "Por que você não diz aos 800 mil poloneses-americanos na Pensilvânia o quão rápido você desistiria [da Polônia], por uma questão de favores e do que você acha que é uma amizade com um ditador [Vladimir Putin] que o comeria no almoço?", disse a democrata.

Kamala citou o dado em meio a uma questão sobre a Guerra da Ucrânia. Minutos antes, Trump não respondeu se torce por uma vitória da Ucrânia no confronto contra a Rússia, que invadiu o país vizinho em 2022. Ele afirmou apenas que quer que o conflito acabe. Na réplica, a vice-presidente reafirmou que os Estados Unidos devem ajudar a Ucrânia, para evitar que Putin ataque outros países, como a Polônia, vizinha da Rússia.

"Se Donald Trump fosse presidente, Putin estaria sentado em Kiev, agora, e entenda o que isso signiica. A agenda de Putin não é só sobre a Ucrânia. Ele tem os olhos no resto da Europa, começando com a Polônia", disse Kamala.

Segundo os democratas, a Pensilvânia tem 800 mil cidadãos americanos de origem polonesa, como filhos ou netos de imigrantes. "Ontem os democratas fizeram grupos focais com poloneses americanos. Eles têm uma hipótese de que o tema da Ucrânia, para os poloneses, é uma coisa muito sensível. A hipótese dos democratas é a seguinte: se Trump não apoia a Ucrânia, ele nunca vai apoiar a Polônia se ela for invadida pela Ucrânia", diz Mauricio Moura, professor da Universidade George Washington, no programa O Caminho para a Casa Branca. Assista abaixo.

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"Esses poloneses-americanos geralmente são conservadores e têm um pouco de dificuldade de comprar o pacote democrata, com direito ao aborto, etc, mas eles ficaram muito incomodados com a falta de convicção de Trump em relação à Ucrânia", prossegue Moura.

O professor pondera, no entanto, que é preciso confirmar se de fato há 800 mil americanos de origem polonesa na Pensilvânia. Apesar disso, houve forte imigração de países da Europa central e do leste para a região da Pensilvânia e de seus estados vizinhos no começo do século 20.

Pensilvânia será estado decisivo na disputa

A Pensilvânia é um dos estados mais importantes na disputa deste ano, pois o cenário está indefinido e qualquer um dos dois candidatos pode vencer lá, segundo as pesquisas. De acordo com o site Fivethirtyeight, Kamala tem 46,3% das intenções de voto no estado, ante 45,7% de Trump, uma vantagem de apenas 0,6%.

Como o estado tem 8,6 milhões de eleitores registrados, uma comunidade de 800 mil representa quase 10% dos votantes no estado, com poder para definir uma disputa apertada. Nas últimas duas eleições, a vitória teve margem apertada. Biden venceu em 2020 com 1,17% de vantagem, e Trump conquistou o estado em 2016 com 0,72% a mais do que a rival, Hillary Clinton.

No sistema americano, quem vencer em um estado leva todos os votos daquele estado no Colégio Eleitoral. A Pensilvânia tem 20 dos 538 delegados que decidem a eleição presidencial.

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