Mundo

Por perdas, multinacionais suspendem provisões à Rússia

Embora a moeda russa tenha recuperado em seguida suas posições do começo da semana, o pânico se apossou tanto das empresas como dos consumidores


	Embora a moeda russa tenha recuperado em seguida suas posições do começo da semana, o pânico se apossou tanto das empresas como dos consumidores
 (Getty Images)

Embora a moeda russa tenha recuperado em seguida suas posições do começo da semana, o pânico se apossou tanto das empresas como dos consumidores (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de dezembro de 2014 às 12h56.

Moscou - A incerteza sobre o futuro do rublo, que se desvalorizou mais de 50% em poucos meses, obrigou muitas companhias multinacionais de todos os setores, desde o têxtil até o de automoção, a suspender temporariamente as provisões à Rússia para não sofrer perdas.

O BNS Group, a coorporação que dirige na Rússia os grupos de roupa Calvin Klein, Armani Jeans, Michael Kors e TopShop, se somou a seus concorrentes na hora de cessar as provisões.

O diretor-geral da filial russa da TopShop, no varejo têxtil britânico que opera em 37 países, explicou ao jornal russo "Vedomosti" que a decisão é motivada pelas fortes oscilações que a moeda russa sofreu na última semana.

"O preço de custo é virtual, porque ninguém sabe com que cotação fazer as contas", apontou o executivo em relação ao problema com o qual toparam os importadores que adquiriram suas mercadorias em dólares ou euros.

No entanto, a espanhola Inditex, que aposta na Rússia como o mercado com mais perspectivas para a expansão de suas lojas nos próximos anos, desmentiu à Agência Efe a informação publicada pelo "Vedomosti" sobre a suspensão de provisões e assegurou que estas continuam normalmente.

"Não houve nenhuma mudança. As operações da Inditex na Rússia continuam e vão continuar com normalidade", ressaltou uma porta-voz da companhia.

A porta-voz disse que a confusão pode ter ocorrido devido ao atraso da última remessa que devia chegar nesta semana às lojas da Rússia e assegurou que chegará a seu destino nos próximos dias.

Há três dias, que alguns já batizaram como a "terça-feira negra", o rublo perdeu 25% de seu valor e alcançou marcas históricas negativas em sua cotação perante o dólar e o euro.

Embora a moeda russa tenha recuperado em seguida suas posições do começo da semana, o pânico se apossou tanto das empresas como dos consumidores, que comprovaram a rapidez com a qual seus investimentos e economias podem se transformar em papel molhado.

"Os preços subiram muito. Sem comprar quase nada já deixamos metade do salário. A carne, os lácteos, o pescado, todos os alimentos subiram de preço. Tudo subiu menos o salário. Nem vai subir. Estamos sobrevivendo", se queixou à Agência Efe Olga, cozinheira de profissão.

No entanto e com a notável exceção dos alimentos, os preços da maioria dos bens importados quase não sofreram mudanças nos últimos meses apesar de uma contínua queda do rublo desde o começo do ano, especialmente pronunciada a partir do mês de outubro.

Muitos russos, sobretudo nas prósperas cidades de Moscou e São Petersburgo, gastaram suas economias para se antecipar ao aumento dos preços generalizado que todo o mundo já dá por feito.

As estantes das grandes superfícies de eletrodomésticos como M-Vídeo ou Techno-Sila ficaram literalmente vazias em apenas três dias.

A multinacional sueca Ikea, que anunciou em meados da semana uma alta de preços a partir de amanhã, suspendeu ontem a venda de móveis de cozinha e eletrodomésticos em suas lojas da Rússia perante o excesso de demanda.

Os principais fabricantes de automóveis, entre eles o gigante General Motors, e também a maioria das concessionários foram mais longe e paralisaram todas as vendas na Rússia, segundo constatou o prestigiado diário "Kommersant".

A suspensão das provisões e vendas, em plena campanha natalina, poderia se prolongar até o começo de janeiro se continuar a incerteza nos mercados de divisas.

No entanto, as autoridades russas asseguram que o rublo, que se movimenta em torno dos US$ 60 há três dias, segue muito subvalorizado inclusive após recuperar tudo o que tinha perdido no início da semana.

Embora a queda nos preços do petróleo, as sanções do Ocidente a Moscou pela crise da Ucrânia e a má situação econômica da Rússia serem responsáveis pela depreciação da moeda, o Kremlin considera que a moeda se fortalecerá nas próximas semanas.

O presidente russo, Vladimir Putin, que reconhecia ontem que o país entrou em uma crise econômica, se mostrou otimista com o futuro do rublo e respaldou as medidas tomadas até agora pelo Banco Central para sustentar a moeda nacional.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaEmpresasEuropaMoedasRússia

Mais de Mundo

Trump avalia adiar proibição do TikTok por 90 dias após assumir presidência dos EUA

Rússia admite ter atingido alvos em Kiev em retaliação aos ataques de Belgorod

Mídia americana se organiza para o retorno 'vingativo' de Trump

'Vários feridos' em acidente com teleférico em estação de esqui na Espanha