Pompeo, ao fundo, com a irmã de Kim: o secretário de estado é o homem responsável por costurar os acordos do intempestivo Trump (Jonatahn Ernst/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2018 às 07h01.
Última atualização em 13 de junho de 2018 às 07h39.
O bombeiro oficial da Casa Branca, o secretário de Estado Mike Pompeo, tem mais uma missão importante nesta quarta-feira. Ele visita Seul para reuniões previamente marcadas com os ministros das relações exteriores da Coreia do Sul e do Japão. O encontro ganhou especial relevância depois de Donald Trump anunciar, de supetão, que vai encerrar os exercícios militares conjuntos entre os países e que poderia até retirar os 28.500 militares americanos lotados na Coreia do Sul.
A pauta é tão relevante para os sul-coreanos que o próprio presidente Moon Jae In também deve se encontrar com Pompeo. Na quinta-feira, o secretário americano embarca para Pequim, para informar oficiais chineses dos termos do acordo firmado na terça-feira com Kim Jong Un para a desnuclearização da Coreia do Norte.
Analistas internacionais ficaram surpresos com o fato de Trump ter decidido suspender os exercícios militares conjuntos com a Coreia do Sul sem discutir antecipadamente a pauta com Seul. A decisão favorece indiretamente a China, que há anos pressiona por uma redução do poderia militar americano na Ásia, uma área que o país domina militar e culturalmente há séculos.
O papel do chineses é crucial neste momento. Trump afirmou que manterá as sanções comerciais a Kim, mas que elas podem ser retiradas num momento oportuno. O problema é que 90% do comércio internacional com os norte-coreanos depende da China, que deu sinais de que pode relaxar as sanções. Ontem, o ministro das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, lembrou que, caso a Coreia do Norte respeite as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, as sanções econômicas e diplomáticas podem ser ajustadas.
Se favorece indiretamente a China, o encontro de Singapura pode dar início a um novo período de exposição internacional para Kim Jong Un. De acordo com a KCNA, agência de notícias da Coreia do Norte, Kim concordou em visitar Trump nos Estados Unidos após convite do americano. Trump, por sua vez, pode visitar Pyongyang. No início do mês, o chanceler russo, Serguei Lavrov, visitou Pyongyang e convidou Kim a visitar Moscou, em Setembro.
Com o reordenamento de forças militares, políticas e econômicas na Ásia, todos querem puxar a Coreia do Norte para seu lado, a começar por Trump. O duro é fazê-lo sem pisar nos calos dos antigos aliados. Mas, para isso, Trump tem Pompeo, o apagador de incêndios.