Kim Jong Un e Donald Trump em cúpula histórica em Singapura (Jonathan Ernst/Reuters)
EFE
Publicado em 13 de junho de 2018 às 12h16.
Singapura - O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, iniciou nesta quarta-feira uma viagem à Coreia do Sul e à China, que representa o primeiro movimento diplomático após a cúpula de Singapura e mostra a importância de Pequim e Seul no processo de desnuclearização de Pyongyang.
Pompeo partiu hoje de Singapura com destino a Seul para informar ao Executivo do presidente Moon Jae-in sobre os resultados da histórica cúpula entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o presidente dos EUA, Donald Trump, que deixou as portas abertas para mais negociações.
Trump insistiu ontem que o histórico encontro, que terminou com uma declaração pouca concreta, era o ponto de partida de um longo processo no qual serão envolvidos não só EUA e Coreia do Norte.
Nesse sentido, em sua primeira escala em Seul, o chefe da diplomacia americana tratará do delicado assunto da suspensão das manobras militares na Península Coreana anunciada por Trump durante a cúpula.
Na declaração conjunta assinada pelos líderes, Pyongyang se comprometeu a realizar sua desnuclearização enquanto Washington assumiu o compromisso de oferecer garantias de sobrevivência ao regime.
Embora nenhum desses pontos tenha sido minimamente especificado no documento, o presidente dos EUA anunciou em entrevista coletiva posterior que suspenderia as manobras militares conjuntas como gesto de boa vontade para a Coreia do Norte, que costuma denunciar esses exercícios como um ensaio para a invasão de seu território.
O anúncio pegou o governo sul-coreano de surpresa, que hoje reconheceu que "falta saber qual é o verdadeiro significado e quais são as intenções por trás dos comentários do presidente Trump", mas deixou a possibilidade aberta para diferentes caminhos de avançar no diálogo entre Coreia do Norte e EUA.
O presidente sul-coreano, com quem Pompeo se reunirá amanhã, convocou para o mesmo dia uma reunião do Conselho de Segurança Nacional (NSC, na sigla em inglês) para discutir o assunto, que causou certa preocupação em Tóquio, que vê as manobras como fundamentais para a segurança na região.
"As manobras entre Coreia do Sul, Estados Unidos e a maior parte das tropas americanas em território sul-coreano têm um papel muito importante na segurança da Ásia Oriental. Quero transmitir esta ideia a Washington e também a Seul", disse hoje o ministro de Defesa do Japão, Itsunori Onodera.
Nesse sentido, o chefe da diplomacia americana manterá em Seul um encontro trilateral com seus equivalentes de Japão, Taro Kono, e Coreia do Sul, Kang Kyung-wha.
"É algo que Trump terá que falar com Moon. Mas alguma concessão tinha que ser feita a Pyongyang em relação às garantias de segurança, já que não foi mencionada a retirada das tropas americanas da Coreia", afirmou hoje o professor Kim Joon-hyung da Universidade Handong Global em um fórum organizado em Singapura pelo governo de sul-coreano.
É evidente que o processo de degelo com a Coreia do Norte é um assunto no qual estão envolvidos vários países, como evidencia a viagem de Pompeo à Coreia do Sul e à China.
"A desnuclearização é muito difícil de ser resolvida apenas entre Washington e Pyongyang. A solução deve chegar de maneira multilateral", afirmou hoje o professor Koh Yu-hwan da Universidade Donguk e assessor do governo sul-coreano.
Trump, de fato, agradeceu ontem ao presidente sul-coreano - considerado o responsável por promover o processo - seu "duro trabalho" e conversou com ele por telefone poucas horas após o término da cúpula em Singapura.
Além disso, Pompeo se reunirá amanhã mesmo em Pequim com o ministro das Relações Exteriores chinês, Wang Yi.
Para a maioria dos especialistas, a importância do papel de Pequim, aliado histórico de Pyongyang, ficou clara no momento em que Kim aterrissou em Singapura em um avião da companhia aérea Air China.
"Ele não utilizou um avião chinês porque não tinha um próprio, mas o fez para deixar claro que é um líder que conta com o apoio de Pequim", afirmou Koh, que considerou que a diplomacia da China fará "o trabalho real" neste processo.