Polônia: "Pessoas que não queriam só sobreviver, mas mostrar aos alemães que os judeus não poderiam ser esmagados tão facilmente e que não se renderiam", disse o presidente polonês (Kacper Pempel/Reuters)
EFE
Publicado em 19 de abril de 2018 às 11h00.
Varsóvia - O presidente da Polônia, Andrzej Duda, conduziu nesta quinta-feira os atos comemorativos do 75º aniversário do levante do gueto de Varsóvia contra a ocupação nazista, uma celebração na qual segue presente a polêmica diplomática entre Polônia e Israel devido à criticada lei polonesa sobre o Holocausto.
"Foi a revolta de pessoas que mantiveram sua dignidade até o fim, e que decidiram morrer com as armas nas mãos porque não queriam só sobreviver, mas mostrar aos alemães que os judeus não poderiam ser esmagados tão facilmente e que não se renderiam", disse Duda em discurso pela ocasião do aniversário.
Antes, Varsóvia parou enquanto todas as sirenes da cidade soavam para lembrar a revolta do gueto, que conseguiu oferecer resistência aos invasores durante um mês, apesar da precariedade de recursos para se defender.
O gueto de Varsóvia foi criado em 1940, mas foi em 19 de abril de 1943 que cerca de mil jovens judeus iniciaram um levante contra o todo-poderoso exército alemão.
Duda lembrou como a ideologia nazista, que levou a deter os judeus de Varsóvia no gueto, culminaria depois em um genocídio inimaginável e na destruição da maior parte da capital polonesa.
O presidente depositou flores no monumento às vítimas do gueto, em um ato no qual os presentes usavam um narciso na lapela em lembrança da luta judia contra a ocupação nazista e das milhões de pessoas desta religião que morreram assassinadas no Holocausto.
De maneira paralela aos atos oficiais, dezenas de opositores se concentraram hoje no centro de Varsóvia para protestar contra as políticas do governo nacionalista que, na sua opinião, favorecem o aumento do antissemitismo na Polônia.
A celebração chega depois da crise diplomática com Israel e Estados Unidos provocada pela lei sobre o Holocausto aprovada em fevereiro na Polônia, que segundo seus críticos representa um ataque à liberdade de expressão e investigação e dificulta uma abordagem rigorosa do genocídio judeu durante a II Guerra Mundial.
"Todos queremos saber a verdade histórica do Holocausto", afirmou Duda, que disse que falar "da responsabilidade do Estado polonês no Holocausto" é "uma calúnia e um insulto, que além disso dói porque minimiza a responsabilidade dos verdadeiros assassinos, os nazistas alemães", afirmou.
"Hoje a memória da dor partilhada nos une acima de tudo", acrescentou o presidente.
A lei foi remetida ao Tribunal Constitucional polonês para que revise se seu conteúdo vulnera a liberdade de expressão e investigação.