BC irlandês: resgate é avaliado em 85 bilhões de euros (Peter Macdiarmid/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de março de 2011 às 16h29.
Dublin - O conservador Fine Gael, vencedor das eleições irlandesas, e o Partido Trabalhista entraram em um acordo neste domingo para formar um Governo de coalizão para fazer frente a uma das épocas "mais negras na história do estado independente".
As duas formações anunciaram um programa de Governo, um documento de 64 páginas, fruto de seis dias de negociações e que foi aprovado neste domingo por uma ampla representação de seus membros em reuniões realizadas em Dublin.
O futuro primeiro-ministro, o conservador Enda Kenny, e o líder trabalhista, Eamon Gilmore, se comprometem assim a compartilhar o Executivo para conseguir um de seus objetivos prioritários, renegociar os termos do resgate à Irlanda por parte da União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), avaliado em 85 bilhões de euros.
Para isso, se criará um novo Departamento de Economia com dois ministros, um com competências sobre política orçamentária, fiscal e bancária e outro que supervisionará a reforma do setor público irlandês e despesa o Estado.
Ambos titulares farão parte, junto a outros dois membros de cada partido, de uma espécie de "Conselho Econômico" dentro do gabinete de Governo, com poderes absolutos para marcar a direção da política econômica nacional, razão pela que a imprensa irlandesa o qualifica já de "Super Ministério".
Durante as negociações, conservadores e trabalhistas foram cedendo em suas posturas, recolhidas em seus respectivos declarações públicas eleitorais, até encontrar um ponto de encontro respeito a assuntos relações com o resgate da UE e o FMI.
Os dois organismos internacionais acreditam que o avanço no saneamento de seu sistema bancário da Irlanda como prioridade e vá introduzindo medidas encaminhadas a reduzir o déficit público até 3% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2014, em linha com as diretrizes de Bruxelas.
O FG e os trabalhistas se comprometem a conseguir esse alvo em 2015, um ano mais tarde do fixado pela UE e o FMI, mas 12 meses antes do que queria Gilmore e sua equipe de negociação.
Kenny via factível cumprir com esse ponto através de uma política de fiscalização baixa e a aplicação de um severo programa de cortes da despesa social, enquanto Gilmore advogava por um enfoque que combine ambas medidas e suavize o impacto da crise nas classes mais desfavorecidas.
Os conservadores também queriam reformar o setor público através da eliminação de 30 mil postos de funcionários para 2014, número que os trabalhistas rebaixaram até os 21 mil durante os próximos dois anos e 5 mil mais a partir de 2015.
Também trabalharão para aplicar a reforma do sistema político nacional, que prevê a redução do tamanho da Câmara Baixa, o que afetará também aos salários, despesas e dietas dos deputados, e a convocação de um plebiscito sobre a abolição do Senado.