Presidente da Rússia, Vladimir Putin: signatários sugerem que Putin promova uma resolução da ONU que peça às partes em guerra que facilitem a entrada de ajuda (Andrey Rudakov/Bloomberg)
Da Redação
Publicado em 7 de fevereiro de 2014 às 10h02.
Londres - Um grupo de 45 ex-altos cargos internacionais e famosos como o músico Peter Gabriel pediram nesta sexta-feira ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, que use os Jogos de Sochi para melhorar as condições rumo à paz na Síria, em carta publicada pelo "Financial Times".
Os signatários, entre os quais estão o ex-representante europeu de exteriores Javier Solana e o empresário inglês Richard Branson, sugerem que Putin promova uma resolução das Nações Unidas que peça às partes em guerra que facilitem a entrada de ajuda humanitária.
A carta também pede que os combatentes "abandonem práticas bélicas medievais e ilegais" como o cerco de cidades e os ataques deliberados contra escolas e hospitais.
Finalmente, os signatários reivindicam a Putin que reitere seu compromisso com as negociações de paz "que prepararão o caminho para que sírios de todas as religiões e procedências vivam pacificamente de novo".
Em sua carta, os autores destacam que, junto ao boato dos Jogos Olímpicos de inverno mais caros da história, "a só mil milhas (1.600 quilômetros) de distância se desenvolve um espetáculo muito diferente", a guerra civil da Síria.
"Na Síria, o gelo e a neve estão criando condições que ameaçam a vida de mulheres e crianças já debilitados por uma grave escassez de alimentos e remédios", escrevem.
Os signatários lembram que "mais de 9 milhões de pessoas necessitam atualmente de assistência humanitária, 13 vezes mais que o número de pessoas que terão a sorte de assistir ou participar dos Jogos de Sochi".
Cerca de 40% dos hospitais sírios foram inutilizados pelo conflito e pelo menos dois milhões de crianças foram desescolarizados, denunciam.
"Ao dar as boas-vindas aos Jogos de Sochi, Vladimir Putin tem a oportunidade de demonstrar que as Olimpíadas mais ambiciosas do mundo serão utilizadas para assegurar um legado político do qual o povo russo e o resto do mundo possam se sentir orgulhosos", dizem.
Os signatários assinalam que a Rússia pode ter a liderança que já demonstrou para conseguir um acordo com o Governo sírio para que para de usar armas químicas a fim de promover a mudança rumo à paz na Síria.
Assinam a carta, entre outros, a antiga secretária de Estado americana Madeleine Albright e os ex-ministros das Relações Exteriores de Israel, Schlomo Ben-Ami; Canadá, Lloyd Axworthy, e Marrocos, Mohamed Benaissa.
A Nobel da Paz Shirin Ebadi, as ex-ministras das Relações Exteriores do México, Rosário Green, e espanhola, Ana de Palacio, assim como o empresário George Soros também assinaram a carta.