Policiais: "pro inferno sua respiração", respondeu um dos policiais ao homem negro (Maleroux/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2015 às 23h46.
Washington - Um policial branco que matou a tiros um homem negro desarmado no condado de Tulsa, no estado de Oklahoma, foi formalmente acusado nesta segunda-feira de homicídio, informou o promotor, Stephen Kunzweiler.
Eric Courtney Harris, de 44 anos, morreu no último dia 2 de abril baleado por um policial branco de Tulsa, Robert Tacos, de 73 anos, que alegou acreditar que disparava uma pistola elétrica e não sua arma.
"O senhor Tacos está acusado de homicídio em segundo grau que implica negligência", disse o promotor.
Kunzweiler esclareceu que, segundo a lei de Oklahoma, o termo significa "a omissão de fazer algo que uma pessoa razoavelmente atenta faria, ou a falta de cautela no exercício da atividade".
Em um vídeo divulgado hoje pela imprensa americana, é possível ouvir o policial dizer "Oh, disparei nele. Desculpa", tiro dado em Harris após persegui-lo e paralisá-lo no chão com a ajuda de outros agentes.
"Oh Deus. Oh, atiraram em mim", fala Harris no vídeo. Ele alertou os policiais de que não conseguia respirar enquanto estava no chão com a boca para baixo sendo algemado. Neste momento um dos policiais ainda estava com o joelho em suas costas.
"Pro inferno sua respiração", respondeu um dos policiais ao homem negro, que foi transferido em seguida de ambulância para o hospital da cidade, onde morreu uma hora depois.
O escritório do xerife argumentou em comunicado divulgado no mesmo dia do incidente que Harris tentava vender uma arma a um policial disfarçado, mas foi descoberto, saiu correndo e, então, "aconteceu um altercador".
"À medida que o suspeito lutava com os policiais, um agente da reserva disparou sua arma de fogo, abatendo o suspeito", afirmou o comunicado, que destacou que Harris era um "conhecido" delinquente com antecedentes penais.
O vídeo foi gravado com duas câmeras que os agentes levavam em seus óculos e foi divulgado a pedido da família de Harris, segundo outro comunicado do escritório do xerife.
Na sexta-feira, em entrevista coletiva, o sargento da polícia de Tulsa, Jim Clark, encarregado da investigação, afirmou que a confusão foi o que levou o agente a disparar sua arma de fogo e não sua pistola elétrica "Taser", destinada a paralisar suspeitos com choques elétricos quando há resistência à abordagem policial.
"O senhor pode treinar alguém tanto quanto quiser, e pode treiná-lo em todas as áreas que quiser, mas, quando há uma crise, às vezes a formação não leva à prática", destacou Clark, segundo o jornal local "Tulsa World".
O agente acusado de disparar contra Harris trabalhou entre janeiro de 1964 e janeiro de 1965 no departamento de polícia de Tulsa, mas atualmente não possui qualquer vínculo com este corpo, segundo um comunicado da própria polícia.
Tacos trabalhava para o escritório do xerife como agente da reserva, um corpo composto por "cidadãos civis treinados que aumentam a mão-de-obra do escritório do xerife" em meio período, segundo o site da polícia.