Manifestantes contrários ao governo se aglomeram em frente à entrada de um partido favorável ao presidente, em Kiev (Maksym Kudymetas/Reuters)
Da Redação
Publicado em 18 de fevereiro de 2014 às 17h09.
Kiev - As forças antidistúrbios ucranianas iniciaram nesta terça-feira o despejo dos manifestantes da Praça da Independência (Maidan), principal local dos protestos antigovernamentais, que já deixaram nove mortos e cerca de 200 feridos na capital do país.
Com a ajuda de três caminhões de água, a polícia está derrubando as barricadas construídas nos acessos à praça pelos manifestantes, que lançam paralelepípedos e foguetes artificiais contra os agentes antidistúrbios, segundo meios de comunicação locais.
Várias colunas do Berkut, o destacamento especial antidistúrbios, avançam rumo à histórica praça desde dois lados: a Praça da Europa e a rua Institútskaya, que conduz à Rada Suprema (Parlamento).
Oficiais da polícia pedem através de megafones que os manifestantes, que estão acampados desde 21 de novembro, deixem a praça pacificamente.
Além disso, os efetivos pedem que mulheres e crianças deixem Maidan, como já fez anteriormente o dirigente opositor Vitali Klitschko em previsão de uma dispersão violenta da praça.
Para frear o avanço da polícia, os manifestantes formaram uma grande muralha de fogo após incendiar várias tendas de campanha.
Milhares de pessoas seguem congregadas no coração do Maidan, cantado o hino nacional, enquanto fazem ondear bandeiras do país e cantam "Gloria à Ucrânia".
Os líderes opositores fizeram uma chamada ao presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, para que ordene a retirada da polícia e renuncie à dispersão violenta do Maidán.
"Ordene o recuo da polícia. Chamo Viktor Yanukovich a declarar uma trégua até a amanhã, então estaremos dispostos a comparecer às conversas", proclamou Arseni Yatseniuk, dirigente do principal partido opositor (Batkivschina).
Yatseniuk também pediu aos soldados antidistúrbios que "retrocedam uns 200 metros".
O presidente da Rada Suprema (Legislativo), Vladimir Ribak, anunciou que o presidente se reuniria amanhã, em torno das 11h local, com os líderes da oposição.
A polícia ucraniana cifrou hoje em nove os mortos -sete civis e dois policiais- nos distúrbios que explodiram no centro de Kiev, nos quais ficaram feridos 150 manifestantes e 47 soldados das forças de ordem pública.
Manifestantes e agentes antidistúrbios protagonizam hoje em Kiev os primeiros choques violentos desde o final de janeiro.
Os choques explodiram na rua Grushevki, quando a polícia tentou impedir a passagem de uma grande manifestação convocada pela oposição para pedir uma mudança na Constituição de 2004, o que limitaria os poderes do presidente em favor do Parlamento.