Erdogan: o operador de satélite turco Türksat já havia rescindido o contrato com a "IMC", alegando problemas de "segurança nacional" (Baz Ratner/Reuters)
Da Redação
Publicado em 4 de outubro de 2016 às 11h26.
Istambul - Agentes da polícia da Turquia interromperam nesta terça-feira a transmissão de uma emissora de televisão no país, a "IMC TV", que tem uma linha editorial crítica ao governo de Recep Tayyip Erdogan, para cumprir a determinação de fechamento anunciada em um decreto na publicado na última quinta-feira.
A polícia entrou na redação quando a "IMC TV" veiculava informações sobre o fechamento de outra emissora crítica ao governo, a "Hayatin Sesi TV", cuja redação tinha sido fechada e lacrada pouco antes pelos agentes, de acordo com o site do jornal "Diken".
Assim como aconteceu com a "Hayatin Sesi TV", o canal "IMC TV", que acompanha com atenção especial o conflito curdo na Turquia, está entre as 12 emissoras fechadas por decreto na última quinta-feira, sob a acusação genérica de "divulgar propaganda terrorista".
Em fevereiro deste ano, o operador de satélite turco Türksat já havia rescindido o contrato com a "IMC", alegando problemas de "segurança nacional", mas o canal continuou sendo transmitido pelo satélite Hotbird e pela internet.
As 12 emissoras foram fechadas com base no estado de emergência decretado em 20 de julho por causa de uma tentativa fracassada de golpe de Estado militar, que o governo atribui aos seguidores do clérigo Fethullah Gülen, que vive exilado nos Estados Unidos.
Nos meses anteriores, o governo decretou o fechamento de várias emissoras de rádio e TV vinculadas ao movimento de Gülen. No entanto, os canais fechados agora não têm qualquer ligação com esse movimento, mas se situam à esquerda do espectro político, com simpatia pelo movimento marxista curdo e pela minoria alevita, que também é considerada de esquerda.
Desde a implantação do estado de emergência, mais de 100 jornalistas foram detidos, 775 tiveram seus registros profissionais cassados e 2.300 perderam o emprego, conforme denunciaram organizações de imprensa da Turquia.