Policiais retiram barricadas do movimento pró-democracia no distrito de Mongkok, em Hong Kong (Philippe Lopez/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de novembro de 2014 às 08h24.
Hong Kong - A polícia de Hong Kong prendeu nesta quarta-feira dois líderes das manifestações pró-democracia e acabou com um dos três acampamentos do movimento, o que permitiu a reabertura de uma via bloqueada há quase dois meses.
Depois de forçar o recuo dos manifestantes, centenas de policiais compareceram ao local para permitir o trabalho dos funcionários que desmontaram as barricadas em uma avenida de seis vias de Mongkok, na parte continental da ex-colônia britânica.
Esta foi a maior operação para dispersar os manifestantes, que desejam um o sufrágio universal total, ao mesmo tempo que o movimento perde força entre a opinião pública, cansada dos problemas provocados na vida diária da metrópole.
Após duas horas de operações para a retirada das barricadas, dezenas de manifestantes permaneciam no local.
A situação era de grande tensão. Na terça-feira, manifestantes entraram em confronto com a polícia, quando os funcionários retiravam as barricadas de outra rua ocupada de Mongkok.
Desde terça-feira, 116 pessoas foram detidas, segundo a polícia. Vinte agentes foram feridos.
Entre os detidos estão os líderes estudantis Joshua Wong - já detido em setembro e liderado depois - e Lester Shum, segundo os manifestantes pró-democracia. Os motivos não foram divulgados até o momento.
Um integrante de uma equipe de televisão também foi detido, segundo a Associação de Jornalistas de Hong Kong.
Mongkok abrigava um dos três acampamentos ocupados desde 28 de setembro na ex-colônia britânica devolvida para a China. Os outros são os de Admiralty, perto da sede do governo, e de Causeway Bay, bairro comercial de luxo.
Como na semana passada em Admiralty, onde as imediações de um arranha-céus foram desocupadas, as operações respondem a uma ordem de expulsão da justiça a pedido, entre outras, das empresas de transportes.
Mongkok foi cenário de confrontos entre manifestantes, policiais, moradores nervosos e homens supostamente ligados à máfia chinesa.
Os manifestantes, que pedem a instauração de um verdadeiro sufrágio universal na eleição para chefe de Governo local de 2017, reuniram milhares de pessoas nas ruas de Hong Kong desde 28 de setembro, o que iniciou uma campanha de mobilização sem precedentes.
Mas o número de participantes caiu consideravelmente nas últimas semanas e o movimento parece dividido a respeito da estratégia a seguir, após o fracasso de uma tentativa de diálogo com o governo local.
Ao mesmo tempo, aumenta visivelmente o cansaço dos quase sete milhões de habitantes com os engarrafamentos.
A Federação dos Estudantes de Hong Kong, que lidera o movimento, informou que estuda as próximas etapas.
Território chinês com ampla autonomia, a ex-colônia britânica vive a crise mais grave desde que foi devolvida a Pequim em 1997.
Pequim aprovou o princípio "uma voz, um voto", mas reservou a um comitê de grandes eleitores - majoritariamente favorável ao Partido Comunista chinês - a missão de pré-selecionar os candidatos, algo inaceitável para o movimento pró-democracia.