Lima, no Peru: No país há várias organizações políticas de esquerda (Christian911/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 24 de agosto de 2012 às 19h07.
Lima - A procuradoria do Estado contra o terrorismo, a promotoria e a polícia peruana expropriaram nesta sexta-feira 33 edições da revista ''Vórtice'', que, segundo as autoridades locais, por defender uma anistia política no Peru e por seguir a filosofia do fundador do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso, Abimael Guzmán.
Em uma ação inesperada, as autoridades peruanas invadiram a redação da revista, situada no centro de Lima, e confiscaram as últimas 33 edições da publicação que diz se dedicar a ''cultura, a arte e a filosofia política''.
O procurador antiterrorismo Julio Galindo disse aos jornalistas que se for confirmado o suposto crime de apologia ao terrorismo, os responsáveis pela revista podem ser condenados a uma pena entre 8 e 15 anos de prisão.
''Há toda uma mensagem de elogio e reconhecimento do desenvolvimento do terrorismo no Peru, obviamente, dirigido por Abimael Guzmán, também conhecido como presidente Gonzalo'', indicou o procurador antiterrorismo.
No Peru há várias organizações políticas de esquerda, como o Movimento pela Anistia e Direitos Fundamentais (Movadef), que defendem a ideologia de Guzmán, baseada no marxismo-leninismo- maoísmo, e promovem sua libertação como parte de uma possível reconciliação nacional.
No entanto, o diretor da revista ''Vórtice'', Ronald Loayza, declarou à Agência Efe que sua revista ''não faz apologia ao terrorismo'' e se queixou que o fato de ''concordar com as opiniões de Guzmán (o fundador do Sendero Luminoso) e de Movadef seja considerado um crime no Peru.
Loayza disse que a ''Vórtice'' ''é a primeira revista de esquerda do país e foi criada para defender uma cultura de paz e de reconciliação''.
Em declarações aos jornalistas, Loayza acrescentou que, como parte desta reconciliação, ''deve ser instaurada uma anistia geral para (o ex-presidente Alberto) Fujimori, (seu ex-assessor de inteligência, Vladimiro) Montesinos, Abimael Guzmán e (o fundador do Movimento Revolucionário Tupac Amaru) Víctor Polay''.
Neste sentido, Loayza acusou o procurador antiterrorismo de armar ''um circo'' com a intervenção a sua revista porque não pode provar nada.
No entanto, Galindo disse que a promotoria abriu uma investigação preliminar após a denúncia da existência de publicações com suposto conteúdo de apologia ao terrorismo.
Ao lado do Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), o grupo Sendero Luminoso é o principal responsável, segundo o relatório da Comissão da Verdade e Reconciliação, pela morte de quase 70 mil peruanos entre 1980 e 2000.