Policiais e bombeiros cercam prédio residencial em Toulouse (Remy Gabalda/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2012 às 12h43.
Toulouse - O suspeito do massacre de Toulouse, cercado por forças especiais da RAID, a unidade de elite da polícia francesa, afirmou que se entregará à tarde, informou nesta quarta-feira o ministro francês do Interior, Claude Guéant.
O suspeito, de 24 anos, que afirma ser da Al-Qaeda e vingador das crianças palestinas, estava cercado na manhã desta quarta-feira no bairro Croix-Daurade de Toulouse pelo massacre em uma escola judaica e por outros dois crimes na região.
Fontes ligadas à investigação afirmaram que o suspeito é Mohammed Merah, de nacionalidade francesa e de origem argelina. Ele já teria sido detido em Kandahar, reduto dos talibãs no Afeganistão, no fim de 2010 por crimes comuns, segundo outra fonte ligada ao caso.
O suspeito está cercado em um prédio residencial e uma forte explosão foi ouvida na área por volta das 9H00 locais (5H00 de Brasília).
Guéant ressaltou que a preocupação das autoridades francesas é "deter vivo" o suspeito dos assassinatos em Toulouse e Montauban.
"Nossa principal preocupação é detê-lo em condições que possamos apresentá-lo à justiça", disse o ministro, que também destacou a necessidade do "bom funcionamento da justiça".
O ministro do Interior, que acompanha pessoalmente a operação, disse que a mãe do jovem "foi levada ao local para conversar com o filho, mas desistiu" de convencê-lo a se entregar.
O irmão do jovem foi detido pela polícia, revelou Guéant.
"Todos sabem que nos locais dos crimes havia apenas um suspeito, mas seu irmão está preso" porque as investigações revelaram "provas sistemáticas".
Segundo Guéant, o homem cercado pela polícia "tem vínculos com salafistas e jihadistas e viajou ao Paquistão e ao Afeganistão".
"Ele afirma pertencer à Al-Qaeda e que quer vingar as crianças palestinas e castigar o Exército francês".
O irmão e a irmã do jovem participavam do mesmo movimento, mas são menos violentos e não viajaram à fronteira entre Paquistão e Afeganistão.
"A polícia está certa de que ele é o autor do massacre: um jovem de 24 anos conhecido pelos serviços de informação franceses, que comprovaram seu envolvimento na série de assassinatos Toulouse", destacou o ministro.
No início da operação desta quarta-feira, três policiais ficaram feridos sem gravidade, um no joelho, outro no ombro e um terceiro atingido por disparo contra o colete a prova de balas.
O suspeito "faz parte deste pessoal que volta das zonas de combate e que sempre é fonte de preocupação para os serviços" de inteligência, revelou uma fonte ligada à investigação.
Os serviços de informação ocidentais estavam em alerta sobre uma dezena de jovens procedentes das zonas conflitivas da fronteira entre Paquistão e Afeganistão, incluindo alguns que seguiram para a França.
O jovem era investigado pela DCRI (Direção Central de Informação Interna), junto a outros, desde os primeiros ataques, em Toulouse e Montauban.
No dia 11 de março, um homem matou um soldado de origem magrebina em Toulouse, No dia 15, atirou em três soldados do regimento de paraquedistas na cidade vizinha de Montauban - dois de origem magrebina e o terceiro de origem caribenha - matando dois e ferindo um gravemente.
Agentes da polícia com coletes a prova de bala ocupavam as ruas do exclusivo bairro de Croix-Daurade, próximo à escola judaica onde ocorreu o massacre de três crianças e um adulto, na segunda-feira passada.
As autoridades francesas deflagraram na terça-feira uma corrida contra o relógio para deter o assassino, a partir de informações preliminares obtidas através de vídeos de vigilância, testemunhos de sobreviventes e de contatos entre o assassino e sua primeira vítima, de 11 de março.
Os investigadores foram capazes de reconstituir parte do percurso do assassino desde o dia 6 de março, quando roubou a scooter que foi utilizada até o último ataque, na segunda-feira.
No período de 14 dias, o homem agiu a cada quatro dias e a cada vez utilizou uma scooter e duas armas calibre 9mm e 11.43, além de um capacete para evitar ser reconhecido.
A cada assassinato, o criminoso disparou na cabeça "à queima ropua", destacou o promotor de Paris Francois Molins, responsável por esta investigação de terrorismo classificado.