França: Vamos continuar aqui, porque queremos que o governo nos escute. As pessoas estão irritadas, vemos isso por todos os lados, disse estudante (Benoit Tessier/Reuters)
AFP
Publicado em 13 de abril de 2018 às 13h36.
O movimento de oposição à reforma de acesso às universidades na França se endureceu nesta sexta-feira (13), depois que a Polícia retirou manifestantes que protestavam, ontem à noite, na prestigiosa Universidade de Sorbonne em Paris.
As forças policiais intercederam para evacuar cerca de 200 estudantes que ocupavam o histórico estabelecimento para protestar contra a reforma promovida pelo presidente Emmanuel Macron.
"Depois de três horas de negociações sem sucesso", a Polícia interveio e esvaziou o estabelecimento "na calma", indicou a reitoria da instituição.
A universidade anunciou que permanecerá fechada até segunda-feira por questões de "segurança".
Desde março, estudantes franceses ocupam várias universidades para protestar contra a reforma educacional de Macron, que quer conceder às universidades públicas o poder de estabelecer critérios de admissão.
Para os estudantes, essa reforma é um primeiro passo para um sistema de seleção até agora tabu no país da "educação gratuita para todos".
"Vamos continuar aqui, porque queremos que o governo nos escute. As pessoas estão irritadas, vemos isso por todos os lados", afirmou uma estudante da Universidade Paris-Tolbiac, que pediu para não ser identificada.
Em Lyon (centro-leste), a reitoria da Universidade Lumière-Lyon-2 pediu a intervenção da polícia, que evacuou, nesta madrugada, o estabelecimento que estava ocupado desde o dia anterior.
Outras universidades foram esvaziadas nos últimos dias, incluindo Nanterre, perto de Paris, onde começou o grande movimento de protesto estudantil de maio de 1968.
Ao todo, quatro universidades (de um total de 70) estão completamente bloqueadas, ou fechadas, e vários locais universitários (de 400) estão afetados por distúrbios, segundo o Ministério da Educação.
Em entrevista pela televisão na quinta-feira, Macron disse que os protestos são feitos por "agitadores profissionais", e não por estudantes.
"Se os estudantes quiserem passar em seus exames no final de ano, o melhor que podem fazer é estudar", acrescentou o presidente francês.