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Polícia faz busca em casa de copiloto que derrubou avião

A polícia busca indícios na casa do copiloto que, segundo promotores, causou a queda do avião da Germanwings nos Alpes franceses, matando todos a bordo

Policiais alemães levam computador de casa dos pais do copiloto Andreas Lubitz (Ralph Orlowski/Reuters)

Policiais alemães levam computador de casa dos pais do copiloto Andreas Lubitz (Ralph Orlowski/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de março de 2015 às 17h20.

 Paris/Seyne-Les-Alpes - Um jovem copiloto alemão se trancou na cabine do voo 9525 da companhia aérea Germanwings e chocou o avião contra uma montanha, matando todas as 150 pessoas a bordo, disseram promotores nesta quinta-feira.

Depois de ouvir as gravações de voz de uma das caixas-pretas, promotores franceses não deixaram dúvida de que acreditam que Andreas Lubitz, de 28 anos, estava no controle do Airbus A320 e causou o mergulho fatal – mas não deram explicações de seus motivos.

Os promotores da cidade alemã de Duesseldorf disseram que a polícia busca indícios na casa do copiloto.

Autoridades francesas e alemãs afirmaram não haver indicação de que a colisão de terça-feira nos Alpes Franceses foi um ataque terrorista. Conhecidos descreveram Lubitz como um jovem afável, que não demonstrou sinais de ter más intenções.

De acordo com o promotor de Marselha Brice Robin, Lubitz agiu “por uma razão que não conseguimos compreender no momento, mas que parece ser a intenção de destruir a aeronave”.

“Ele permitiu voluntariamente.... que o avião perdesse altitude, o que não tinha motivo para fazer. Ele não... tinha motivo para impedir o piloto no comando de voltar à cabine. Não tinha motivo para se recusar a responder ao operador de tráfego aéreo, que o estava alertando sobre a perda de altitude”, explicou Robin.

O capitão, que tinha saído da cabine, provavelmente para usar o banheiro, tentou forçar a entrada. “Dá para ouvir as pancadas na tentativa de arrombar a porta”, disse Robin.

Descrevendo as gravações de áudio de uma das caixas-pretas do avião, Robin afirmou que a maioria dos passageiros não teria estado ciente de seu destino até o último momento.

“Só perto do fim você ouve gritos”, relatou. “E tenham em mente que a morte teria sido instantânea... a aeronave literalmente se desfez em pedaços”.

Carsten Spohr, diretor-executivo da Lufthansa, empresa à qual pertence a Germanwings, disse que seus tripulantes são escolhidos cuidadosamente e submetidos a testes psicológicos.

“Não importa quais sejam os seus regulamentos de segurança, não importa quão alto seja o padrão que você estabelece, e temos padrões incrivelmente altos, não há como descartar um evento destes”, declarou Spohr.

A atenção de todo o mundo irá se voltar agora para as motivações de Lubitz, um cidadão alemão que entrou na empresa em setembro de 2013 e só tinha 630 horas de voo – muito menos que as seis mil horas no ar do capitão, que a imprensa alemã chamou simplesmente de “Patrick S.”, como é o costume.

NEM ATAQUE NEM SUICÍDIO

Robin declarou não haver como sustentar a ideia de que Lubitz realizou um ataque terrorista. “Suicídio” tampouco é a palavra certa para descrever ações que mataram muitas outras pessoas, acrescentou o promotor. “Não chamo necessariamente de suicídio quando você se responsabiliza por cento e tantas vidas”.

A família do copiloto chegou à França para uma homenagem ao lado de outras vítimas, mas foi mantida longe dos outros, disse Robin.

A polícia montou guarda do lado de fora da casa de Lubitz na cidade alemã de Montabaur. Conhecidos da cidade afirmaram estar chocados.

“Estou sem palavras. Não tenho nenhuma explicação para isso. Conhecendo Andreas, isso é inconcebível para mim”, declarou Peter Ruecker, membro de longa data do clube de aviação local onde Lubitz obteve sua licença anos atrás.

“Ele era muito divertido, mesmo que ficasse um pouco quieto às vezes. Era um garoto como outro qualquer”.

Uma foto na página do Facebook do copiloto, que foi retirada mais tarde, mostra um jovem sorridente posando diante da ponte Golden Gate de San Francisco, nos Estados Unidos.

Robin disse que a conversa entre os dois pilotos antes de o capitão sair da cabine começou normalmente, mas que as respostas de Lubitz se tornaram “lacônicas” quando começaram a se preparar para o que seria uma descida normal rumo ao aeroporto de Duesseldorf.

“Suas respostas se tornam muito curtas. Não há um diálogo propriamente dito”, afirmou.

Nesta quinta-feira os investigadores ainda procuravam a segunda das duas caixas-pretas na ravina onde o avião caiu, cerca de 100 quilômetros ao norte da cidade de Nice, que deve conter dados sobre os instrumentos do avião.

Os pilotos podem sair temporariamente da cabine em certos momentos e certas circunstâncias, como quando a aeronave está em velocidade de cruzeiro, segundo a lei de aviação alemã. As portas da cabine podem ser abertas pelo lado de fora com um código, de acordo com os regulamentos adotados após os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, mas o código pode ser cancelado de dentro da cabine. O CEO da Lufthansa disse que ou o piloto inseriu o código incorretamente ou o copiloto o anulou.

A Germanwings declarou que 72 alemães morreram na colisão, o primeiro grande desastre com passageiros em solo francês desde o acidente com um Concorde nas cercanias de Paris em julho de 2000. Autoridades espanholas falaram em 51 espanhóis entre as vítimas. Além destes, havia três norte-americanos, um marroquino e cidadãos de Grã-Bretanha, Argentina, Austrália, Bélgica, Colômbia, Dinamarca, Israel, Japão, México, Irã e Holanda, segundo as autoridades. Os exames de DNA para identificá-las podem levar semanas, disse o governo francês.

Os familiares das vítimas estavam sendo levados de avião a Marselha nesta quinta-feira antes de serem conduzidos à região próxima do local da queda. Capelas foram preparadas para eles com uma visão da montanha onde seus entes queridos morreram.

(Reportagem adicional das redações de Paris, Berlim, Frankfurt e Madri) ((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447765)) REUTERS TR

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