Protestos por direitos trabalhistas na França: "Essas são pessoas que, na sua maioria, vieram procurar briga", afirmou o porta-voz do Ministério do Interior, Pierre-Henry Brandet (Charles Platiau)
Da Redação
Publicado em 29 de abril de 2016 às 10h11.
Paris - O batalhão de choque da polícia parisiense prendeu 27 pessoas depois de confrontos com dezenas de jovens encapuzados e mascarados na Place de la République, no centro de Paris, na madrugada desta sexta-feira, depois de um dia de manifestações separadas pedindo reformas trabalhistas que também foram marcadas pela violência.
Nas primeiras horas da madrugada, a polícia dispersou um grupo de cerca de 150 jovens que se recusavam a deixar a ampla praça, que vem sendo ocupada diariamente no último mês por manifestantes essencialmente pacíficos.
A retirada ocorreu na sequência de confrontos repetidos entre os policiais e os ocupantes, que incendiaram carros e atiraram pedras retirados das ruas, disse o Ministério do Interior em um comunicado. O ministério informou que 24 dos 27 detidos foram colocados sob custódia.
"Essas são pessoas que, na sua maioria, vieram procurar briga", afirmou o porta-voz do Ministério do Interior, Pierre-Henry Brandet.
Os enfrentamentos do final da noite de quinta-feira se seguiram a um dia de marchas nas quais dezenas de pessoas foram presas.
A violência ocorreu nos arredores de protestos envolvendo dezenas de milhares de pessoas que se queixavam de uma lei que irá tornar contratações e demissões mais fáceis em um país no qual a proteção ao trabalhador é sagrada e o desemprego está em mais de 10%.
No total, a polícia relatou 124 prisões durante os protestos e manifestações de quinta-feira, nas quais 24 policiais ficaram feridos, um em estado grave depois de receber um golpe que fraturou seu crânio.
O chefe da polícia de Paris, Michel Cadot, diz que grupos metódicos e altamente organizados estão por trás dos episódios de violência que vêm acontecendo apesar das regras do estado de emergência imposto desde os ataques islâmicos mortíferos de novembro.
O governo francês repudiou a violência, mas, estando a um ano das eleições gerais, tem parecido disposto até agora a não recorrer à adoção de um toque de recolher parcial, medida contemplada pelo estado de emergência em vigor.