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Polícia da Bielorrússia prende centenas de mulheres durante manifestação

Protesto só de mulheres contou com a participação de 2 mil manifestantes; dezenas conseguiram fugir, mas 217 acabaram detidas

Manifestante é arrastada por policiais durante protesto em Minsk, na Bielorrússia (AFP/AFP Photo)

Manifestante é arrastada por policiais durante protesto em Minsk, na Bielorrússia (AFP/AFP Photo)

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AFP

Publicado em 19 de setembro de 2020 às 15h51.

Policiais do Batalhão de Choque prenderam centenas de mulheres neste sábado, dia 19, durante uma manifestação em Minsk, na Bielorrússia, contra o presidente Alexander Lukashenko. Cerca de duas mil mulheres participaram do protesto, muitas com bandeiras vermelhas e brancas, símbolo da manifestação.

Os agentes bloquearam a passagem das manifestantes, que se deram as mãos. Os policiais começaram, então, a arrastá-las para as vans, de acordo com um jornalista da AFP.

O lema da convocação foi "A marcha cintilante". Todas as presentes estavam vestidas com roupas com brilho.

A oposição bielo-russa, perseguida pelo regime, que prendeu ou expulsou muitos de seus líderes, convocou várias manifestações de mulheres.

A rival de Lukashenko, Svetlana Tikhanovskaya, conquistou a vitória na eleição presidencial de agosto.

Após denúncias de violência policial e de tortura cometida contra as pessoas detidas nas manifestações, o Parlamento Europeu pediu a aprovação de sanções contra Lukashenko e outros membros de seu governo.

Protesto das Mulheres

Em uma nota divulgada antes deste novo protesto, Tikhanovskaya já havia elogiado as "corajosas mulheres de Belarus".

"Elas marcham, embora sejam ameaçadas e pressionadas constantemente", completou.

As manifestantes gritavam palavras de ordem como "Saia, você e sua polícia de choque!" e "Achamos que podemos vencer!".

Uma das faixas dizia "Nosso protesto tem rosto de mulher", em referência ao título do famoso livro ("A guerra não tem rosto de mulher") da bielo-russa ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura, Svetlana Alexievich, que apoiou a causa da oposição.

Entre os presos neste sábado, estava Nina Baginskaya, uma ativista de 73 anos que se tornou um dos rostos mais conhecidos do movimento. Os policiais confiscaram sua bandeira e as flores que ela segurava e a colocaram em uma van, mas a soltou pouco depois em frente a uma delegacia.

Tantas mulheres foram presas que não havia veículos disponíveis para levá-las para a delegacia. Dezenas acabaram sendo liberadas.

Algumas participantes conseguiram escapar e se abrigaram em um salão de beleza próximo, de acordo com o portal de notícias Tut.by. Várias ambulâncias foram enviadas para atender às mulheres que passaram mal depois de serem detidas.

A Associação de Jornalistas de Belarus informou que um repórter foi preso e teve o nariz quebrado.

O grupo de direitos humanos Viasna publicou uma lista on-line com os nomes de 217 mulheres detidas em Minsk. A polícia não divulgou, porém, o número de prisões até o momento.

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