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Polícia controla Praça Taksim em Istambul

A intervenção policial aconteceu depois do anúncio de que o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, se reuniria na quarta-feira com os manifestantes

Manifestante lança coquetel molotov em confronto com a polícia na Praça Taksim em Istambul, na Turquia (REUTERS/Murad Sezer)

Manifestante lança coquetel molotov em confronto com a polícia na Praça Taksim em Istambul, na Turquia (REUTERS/Murad Sezer)

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Da Redação

Publicado em 11 de junho de 2013 às 06h44.

Istambul - A polícia da Turquia tomou o controle da Praça Taksim em Istambul depois de entrar no local na manhã desta terça-feira com veículos blindados, poucas horas após o governo ter anunciado sua disposição de negociar com os manifestantes.

Centenas de agentes antidistúrbio estão agora na emblemática praça - da qual não se aproximavam há duas semanas -, e enfrentaram um grupo reduzido de pessoas que respondeu lançando coquetéis molotov, paralelepípedos e pedaços de pau, segundo constatou a Agência Efe.

Os policiais responderam com uso de gás lacrimogêneo e jatos d"água e pediram aos manifestantes que não lançassem "pedras e garrafas".

Gürsel Tekin, vice-presidente do partido de oposição CHP, garantiu em declarações a uma emissora local que dispõe de informações que na praça há pelo menos 20 feridos, a maioria por inalação de gás lacrimogêneo.

"É impossível entender este ataque. Tentam esmagar reivindicações legítimas com o uso da violência", disse o político opositor.

"Este ataque demonstra que a negociação com o primeiro-ministro (Recep Tayyip Erdogan) é uma mentira ou que um grupo fora do controle do primeiro-ministro é responsável por isto (o ataque)", concluiu o número dois do CHP.

A polícia garantiu hoje que não ia retirar as pessoas acampadas no parque Gezi, mas que somente limparia a praça e seus arredores.

Apesar de os agentes terem conseguido retirar os cartazes pendurados no monumento central, centenas de pessoas reunidas no restante da praça levantaram novas barricadas e se enfrentaram com a polícia, na maioria dos casos de forma pacífica.


Um grupo de manifestantes encarou inclusive outros que atiravam pedras de uma área em obras e exigiram que acabassem com a violência.

Entre os milhares de jovens que estão acampados há dez dias no parque surgiram discussões sobre qual estratégia seguir: permanecer no parque ou defender a praça.

Alguns afirmaram que são contra o uso de paralelepípedos e outros objetos contra a polícia, e temem que estes confrontos sirvam como um pretexto para os agentes também retirarem os manifestantes do parque.

"Se isso continuar, vão entrar aqui também", disse hoje uma jovem em declarações à Efe na Praça Taksim.

Durante mais de duas horas os agentes antidistúrbios confrontaram outro grupo, que se fortaleceu nas ruas do bairro de Tarlabasi e está habituado com os enfrentamentos com a polícia, e onde permanecem as barricadas.

Um coquetel molotov acabou incendiando um dos blindados da polícia, mas o fogo foi apagado por outro com o uso de um canhão com jatos d'água.


Taksim é um dos principais centros das revoltas populares nascidas de uma manifestação de ecologistas para rejeitar a remodelação urbanística do parque Gezi em Istambul.

Após a violenta intervenção da polícia, milhares de pessoas aderiram ao protesto, que se estendeu por todo o país e se transformou rapidamente em uma manifestação contra o autoritarismo de Tayyip Erdogan e seu partido.

Nos muitos enfrentamentos com a polícia, morreram pelo menos três pessoas em dez dias e milhares ficaram feridas.

A Plataforma de Solidariedade de Taksim rejeitou hoje, em mensagem no twitter, tanto o uso de coquetéis molotov como de gás lacrimogêneo.

Carsi, uma facção da torcida do popular clube de futebol Besiktas Istambul, também emitiu uma mensagem via Twitter fazendo uma chamada aos manifestantes para não jogarem coquetéis molotov.

"Não se deixem provocar. Isso é o que eles (a polícia) querem", diz a mensagem.

A intervenção policial aconteceu depois que o vice-primeiro-ministro, Bülent Arinç, anunciou ontem à noite, em entrevista coletiva, que o primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, se reuniria na quarta-feira com os manifestantes.

No entanto, a Plataforma de Taksim respondeu que até o momento não tinha recebido convite para tal reunião.

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