Atentados em Paris: um dos suicidas, segundo o depoimento, perguntou a outro se pensava ligar para Suleyman (Christian Hartmann / Reuters)
Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2015 às 08h49.
Paris - A polícia francesa acredita que o jihadista francês Charaffe el Mouadan, que foi à Síria em 2013, ajudou a coordenar os atentados de 13 de novembro em Paris e Saint-Denis, informou nesta segunda-feira o jornal "Le Parisien".
Os investigadores se baseiam em declarações de um refém da casa de shows Bataclan, que escutou uma conversa entre os terroristas que mataram 90 pessoas no local.
Um dos suicidas, segundo o depoimento, perguntou a outro se pensava ligar para Suleyman, nome com o qual é conhecido El Mouadan, e o cúmplice respondeu que não, que fariam as coisas "à sua maneira".
O fato de um dos terroristas do Bataclan, Samy Amimour, ser amigo de infância de El Mouadan, e de ambos terem sido condenados em outubro de 2012 por "associação de malfeitores com fins terroristas" reforça essa tese.
A pista que leva até El Mouadan se sustenta também ao saber que outro dos jihadistas que atacaram a casa de shows, Ismael Omar Mostefai, foi à Síria com Amimour e uma terceira pessoa condenada junto a eles em 2012, Samir Bouabout.
O "Le Parisien" também deu novos detalhes sobre o esconderijo no qual o belga de origem marroquina Abdelhamid Abaaoud, considerado o cérebro desses ataques, passou quatro dias após o massacre.
Sob a estrada A86, em uma região industrial de Aubervilliers, aos arredores de Paris, Abaaoud se escondeu em meio a um matagal em uma espécie de "iglu vegetal" com dois ambientes, o maior com 25 metros quadrados e que foi usado como dormitório.
No outro, os agentes encontraram restos recentes de comida, como barras de chocolate, a embalagem vazia de um cartão de celular e duas pilhas, uma envolta de fita adesiva e acompanhada de um cabo elétrico, o que aumenta as suspeitas de que carregava uma carga explosiva em seu colete.
Abaaoud, seu primo Hasna Aitboulahcen e um terceiro homem ainda não identificado morreram durante o ataque policial da madrugada de 18 de novembro no apartamento de Saint-Denis no qual tinham se refugiado, em operação que deteve oito pessoas.