Serguei Kislyak: a Rússia foi acusada pela CIA de tentar interferir no resultado eleitoral com ciberataques (Stephanie Green/Bloomberg)
EFE
Publicado em 26 de junho de 2017 às 16h55.
Washington - O embaixador russo em Washington, Serguei Kislyak, figura central na investigação sobre a ingerência russa nas últimas eleições gerais nos Estados Unidos, retornará a Moscou após quase uma década como enviado diplomático, afirmaram nesta segunda-feira vários meios de comunicação americanos.
Kislyak, de 66 anos, retornará no final do verão à Rússia, segundo funcionários e ex-funcionários americanos consultados por vários meios em condição de anonimato.
A saída do polêmico embaixador, considerado uma figura-chave nas redes de espionagem russa, será formalizada com uma festa de despedida em Washington no próximo dia 11 de julho, segundo consta no site do Conselho de Negócios Rússia-EUA.
De acordo com a emissora "NBC", o embaixador será substituído pelo vice-ministro de Defesa russo, Anatoly Antonov, representante da linha mais dura do governo do presidente Vladimir Putin e alvo de sanções na União Europeia por seu papel na crise da Ucrânia.
Os contatos de Kislyak, que foi nomeado embaixador em 2008, com membros da equipe de campanha e transição de Trump estão sendo examinados com lupa pelo Congresso e pelo procurador especial Robert Mueller, nomeado pelo Departamento de Justiça para investigar a possível confabulação da campanha do governante republicano com a Rússia.
A Rússia foi acusada pela CIA (agência de inteligência dos EUA) de tentar interferir no resultado eleitoral com ciberataques, ao mesmo tempo em que se tenta determinar se funcionários russos tentaram influenciar pessoas do círculo próximo a Trump.
Kislyak se reuniu de maneira discreta com o procurador-geral, Jeff Sessions; com o genro e assessor de Trump, Jared Kushner; com o ex-assessor de segurança nacional presidencial, Michael Flynn, e com o operador de campanha, Carter Page.
As conversas com Kislyak aceleraram a saída de Flynn, que ocultou do vice-presidente, Mike Pence, ter tratado com ele a suspensão de sanções à Rússia.
Além disso, obrigaram Sessions a afastar-se de tudo o que tivesse a ver com a ingerência russa nas eleições, pois não revelou perante o Congresso, quando foi questionado, os seus contatos com Kislyak.
Como se fosse pouco, Kislyak também voltou à polêmica depois que, no último dia 10 de maio, intermediou a reunião no Salão Oval entre Trump e o ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, na qual o governante americano revelou a ambos informação confidencial.