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PKK retoma violenta campanha de atentados na Turquia

Algumas semanas depois da tentativa de golpe, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) retomou suas ações com alarde


	PKK: "Toda organização terrorista gosta de aproveitar as crises"
 (Sertac Kayar / Reuters)

PKK: "Toda organização terrorista gosta de aproveitar as crises" (Sertac Kayar / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de agosto de 2016 às 08h37.

Após menos de um mês de relativa calma depois do golpe de Estado frustrado na Turquia, a guerrilha curda do PKK voltou a lançar uma campanha de atentados que pela primeira vez alcançaram regiões onde a população não é majoritariamente curda.

Algumas semanas depois da tentativa de golpe, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) retomou suas ações com alarde. Dois ataques atribuídos aos rebeldes mataram em poucas horas seis pessoas e feriram mais de 200 no leste do país.

Os rebeldes curdos cometeram nos últimos dias uma série de atentados em diferentes áreas do leste, levando sua luta armada para além de sua área de ação, as províncias não curdas.

"É evidente que o PKK quer se aproveitar do ambiente atual na Turquia. Toda organização terrorista gosta de aproveitar as crises", indicou à AFP uma fonte próxima ao governo, em referência ao golpe.

Ao menos três policiais morreram e 146 pessoas ficaram feridas, 14 em estado grave, nesta quinta-feira em um atentado com carro-bomba contra o quartel-general da polícia de Elazig, reduto nacionalista do leste da Turquia de população não curda, que até agora não havia sido afetada pelo conflito entre o Estado turco e os rebeldes curdos.

O ataque rapidamente atribuído ao PKK pelo ministro da Defesa, Fikri Isik, provocou danos consideráveis no edifício de quatro andares e nos imóveis vizinhos, onde se encontram as casas reservadas às famílias dos policiais, segundo as redes de televisão.

Várias pessoas, que entraram no edifício pouco depois da explosão, ouvida a quilômetros de distância, gritavam freneticamente "Há alguém aqui?!", enquanto buscavam sobreviventes, segundo as imagens chocantes divulgadas pela CNN-Türk.

A explosão abriu uma cratera de vários metros de diâmetro.

Nunca antes

"Até agora não havíamos tido um ataque assim na cidade, nem recebido informações sobre um eventual ataque", indicou à CNN Türk Omer Serdar, deputado desta província do partido islamita-conservador no poder AKP (Partido da Justiça e do Desenvolvimento), visivelmente surpreso.

Na noite de quarta-feira, três pessoas, dois civis e um policial, morreram e 73 ficaram feridas em Van, outra localidade a leste da Turquia, em outro atentado com carro-bomba cometido pelo PKK, declarou o governador local, Ibrahum Tasyapan.

Cerca de uma tonelada de explosivos foram utilizados, de acordo com a agência de notícias Dogan.

Van é uma das grandes cidades de população mista curda e turca, além de ser um destino turístico popular. Localizada perto do Irã, abriga vestígios de civilizações antigas, incluindo a armênia.

Até agora, havia se esquivado relativamente da violência que desde o início do levante do PKK contra o Estado turco, em 1984, custou a vida de 40.000 pessoas.

Na última segunda-feira, oito pessoas - cinco policiais e três civis - entre eles uma criança de cinco anos, morreram em outro atentado com carro-bomba contra um posto da polícia de Van.

As forças de segurança sofrem ataques quase diariamente por parte do PKK desde o fim do cessar-fogo no verão de 2015. Centenas de policiais e militares morreram.

Segundo a Human Rights Watch, mais de 7.000 combatentes curdos e mais de 300 civis morreram no último ano, enquanto 355.000 pessoas foram obrigadas a fugir devido à retomada do conflito.

No expurgo posterior à tentativa de golpe lançado pelas autoridades turcas contra simpatizantes do pregador Fethullah Gülen, acusado de ser o cérebro do golpe, milhares de policiais ou soldados foram demitidos ou detidos, aumentando os temores de um enfraquecimento dos meios do Estado para combater o PKK.

Mas o ministro da Defesa garantiu à agência pró-governamental Anatolia que "desde 15 de julho a República da Turquia é ainda mais forte" e que, mais cedo ou mais tarde, conseguirá erradicar o PKK.

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